Veriano Terto Jr., vice-presidente da ABIA, falou na sede da instituição sobre o que ouviu durante a 10ª Conferência Internacional de AIDS sobre Ciência do HIV (IAS 2019). Segundo ele, cientistas internacionais que participaram do encontro reconheceram a importância das comunidades na incorporação do resultado das pesquisas. E disseram: “Sem diálogo com as comunidades, a pesquisas científica não tem sentido”.
Terto Jr. participou, ao lado de Júlio Moreira, do Grupo Arco-Íris (GAI), e Felipe Carvalho, que representa a ABIA na coordenação do Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual (GTPI), da roda de conversa “Grito da IAS 2019 – Esperamos Ecos”. O trio esteve presente no México.
A atividade foi realizada pelo Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens da ABIA e teve como objetivo debater acerca das novidades, impactos, estudos e outras incidências reveladas durante a 10ª Conferência da Sociedade Internacional de AIDS (IAS) sobre Ciência do HIV, realizado no mês de julho no México. O debate foi mediado por Vagner de Almeida, coordenador do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens.
Os ativistas que estiveram no México concordaram que para além de toda a conjuntura biomédica, a conjuntura estrutural também afasta e delimita o acesso às novas tecnologias de prevenção, como a PrEP, na atenção básica. Fatores como pobreza, prostituição, desemprego, raça, preconceito e estigma afastam o indivíduo – especialmente minorias – de usufruir do serviço. “Por isso o acolhimento e o aconselhamento são portas de entrada para um bom trabalho nesse sentido. Isso é um pouco do que o GAI vem tentando fazer em parceria com estudantes de Psicologia do IBMR e tem dado certo”, contou Moreira.
“E as pessoas que tem mais acesso aos movimentos sociais costumam ter mais adesão ao tratamento do que aquelas que vivem na clandestinidade e não tem essa relação com uma rede de apoio. Por isso são importantes o acolhimento, o aconselhamento e a atenção básica”, completou Terto Jr. Adesão também é difícil em outras instâncias. Nesse caso para falar de temas que são tidos como tabus. Sobre isso, Almeida contou que “nós estamos acessando algumas escolas, as últimas em Nilópolis, na Baixada Fluminense, mas porque estamos tendo que implorar para falar de gênero, sexualidade e AIDS com eles. Porque eles não vêm até nós”, criticou.
Outro ponto debatido foi sobre a “bi terapia” ou uso de duas combinações de antirretrovirais para soropositivos (e não três como acontece hoje no Brasil). “Isso é uma discussão que precisa começar neste país. Por que continuar ofertando para as pessoas uma tri terapia que pode ter comprometimento ósseo, por exemplo como os jovens, ao longo de sua vida? E não uma que diminui os danos à saúde dela?”, questionou Terto Jr. Além disso, os convidados alertaram sobre a necessidade de toda a população estar a par dessas discussões, pois de acordo com eles, somente em conjunto será possível chegar em um denominador comum.
Fonte: Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens
Colaborou nesta edição: Angelica Basthi