Pesquisadores, gestores (as) do estudo, ativistas do movimento e profissionais do sexo de várias partes do país ( Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco, Bahia, Rio Grande do Sul, São Paulo e Minas Gerais) participaram em 10/12 de debate sobre o estudo “Políticas de Saúde, Resposta ao HIV e Prostituição no Rio de Janeiro: um estudo de caso”. O evento realizado no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ), no Rio de Janeiro, integra as ações positivas da ABIA no mês de dezembro em referência ao Dia Mundial de Luta Contra a AIDS. A pesquisa foi realizada pela Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), em parceria com a FIOCRUZ e pesquisadoras/es associados/as ao Observatório da Prostituição (LeMetro/IFCS-UFRJ).
A relatora, Sonia Corrêa, pesquisadora associada da ABIA e co-coordenadora do Observatório de Sexualidade e Política (SPW, sigla em inglês) informou que o objetivo da pesquisa foi “qualificar as ações integradas entre movimento de saúde e ativismo de mulheres”. Para isso, foram mapeados documentos em websites do governo do Rio de Janeiro, realizadas enquetes com coordenadores das Secretarias Municipais de Saúde de 45 municípios do Rio, entrevistas com gestores do estado e do município do RJ, além de entrevistas com 30 mulheres profissionais do sexo em diferentes áreas do Rio de Janeiro. A amostra revelou, por exemplo, 63% das prostitutas entrevistadas e atuantes em diferentes áreas da cidade do Rio realizam, a cada seis meses, realizam a testagem para o HIV e outras Infecções Sexualmente Transmitidas (ITSs).
Já Soraya Simões, coordenadora do Observatório da Prostituição/LeMetro/IFCS-UFRJ e Professora do IPPUR-UFRJ , disse que um dos questionamentos presente nos estudos é a proposta de “um debate focado no trabalho sexual. Queremos ampliar o foco sobre direitos sexuais dentro das universidades e daquelas pessoas que atuam na gestão pública, para que eles sejam mais sensíveis em temas contemporâneos, em especial, no contexto de prostituição”, afirmou. Kátia Edmundo, coordenadora executiva da ABIA, enfatizou a relevância da realização do debate “é muito importante para a ABIA, como instituição, participar de um encontro de caráter político social como esse”.
Por outro lado, Soila, profissional do sexo que atua há 33 anos na área, e sócia fundadora do Núcleo da Prostituição de Porto Alegre (RS), comemorou a participação das prostitutas no debate. Segundo ela, “só quem pode falar sobre o movimento das prostitutas somos nós mesmas, e ter a oportunidade de ser ouvida e compartilhar nossa realidade com pesquisadores é fundamental para que nossas demandas e experiências sejam levadas para discussão em espaços onde não podemos falar”.