Visão Geral
As políticas de prevenção em DST e HIV/AIDS no Brasil, na teoria, são construídas a partir das demandas sociais, culturais, econômicos, comportamentais, epidemiológicos, biológicos e demográficos. Na vida real, contudo, esses parâmetros não são considerados fundamentais quando aplicados no dia a dia. O crescente aumento da infecção nas chamadas populações chaves revela que a essas políticas apresentam falhas no direcionamento de ações estratégicas de prevenção. A falta de vontade política também impede que haja integração das esferas governamentais (municipal, estadual e federal) e o avanço do conservadorismo no país, comprometendo anos de reconhecidas conquistas e avanços na luta contra a AIDS.
Além disso, os serviços públicos na área da saúde estão cada vez mais defasados pela superlotação de hospitais, escassez de profissionais de saúde, dificuldades de acesso ao diagnóstico, serviços ambulatoriais sendo fechados e falta de remédios nos postos. Há também a preocupante tendência de infecções por HIV/AIDS e DSTs que tem elevado as taxas de incidência e mortalidade. Houve um imenso retrocesso nesta última década da epidemia no país.
A retomada da qualificação de respostas da gestão brasileira no segmento do HIV e da AIDS passa diretamente pela reestruturação da qualidade oferecida aos soropositivos nos serviços públicos. O início da terapia antirretroviral é um dos momentos mais difíceis para quem vive com o HIV. Logo, a abordagem do tratamento do HIV e da AIDS deve se apoiar no sujeito e levar em consideração importantes aspectos éticos e peculiares do acometimento da doença pelo mesmo, como por exemplo, o estigma e o preconceito. É crucial respeitar o direito à manutenção do sigilo sobre o diagnóstico soropositivo.
Novas condutas terapêuticas e de medicamentos, aliada a capacitação de profissionais, precisam ser restabelecidas para garantir a obtenção de um manejo clínico dos pacientes, com maior cobertura do diagnóstico e tratamento da infecção por HIV, redução do estigma e da discriminação.
A adesão ao tratamento assume importância crucial diante de uma perspectiva de vida longa e com qualidade para o portador do HIV e da AIDS. Para isso, é necessário uma estruturação assistencial consistente e integrada.
O Observatório Nacional de Políticas de AIDS, uma iniciativa da ABIA, busca retomar o fortalecimento do vínculo entre o usuário com o serviço de saúde, por meio de um acompanhamento crítico do modelo de intervenção das políticas de respostas ao HIV e à AIDS. Ainda neste campo, este Observatório tem como proposta o mapeamento sistemático das políticas de prevenção, assistência e tratamento, por meio de coletas e dados disponíveis, como forma promover um amplo exercício da análise qualitativa da soropositividade no país.
Ações
- Rede de Adolescentes e Jovens Vivendo com HIV/AIDS do Rio de Janeiro (REAJVCHA-RJ) foram integrados neste eixo do Observatório ao participarem da parceria entre a ABIA e o CEDAPS, sob o título Observatório de Assistência e Direitos Sociais em HIVAIDS e Co-infecções do Rio de Janeiro: base de dados para o monitoramento e incidência política.
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