Um passo importante rumo à consolidação da Frente Parlamentar de HIV/AIDS da Câmara dos Vereadores/RJ foi dado esta semana no gabinete do vereador David Miranda (PSOL-RJ). Lideranças e representantes de organizações não-governamentais reuniram-se com Bárbara Aires – assessora parlamentar designada para representar o vereador – e conversaram sobre as diretrizes e ações da Frente Parlamentar de HIV/AIDS, aprovada recentemente.
Vagner de Almeida, coordenador do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, e o assistente de projetos, Jean Pierry Oliveira representaram a ABIA no encontro. A reunião contou também com a participação de Regina Bueno (Rede de Jovens Positivos do RJ), Márcio Villard e Josimar Pereira (Grupo Pela Vidda RJ), Bernardo Rangel (médico, diácono e coordenador arquidiocesano da Pastoral da AIDS), Cazu Barroz (Federação de Bandeirantes do Brasil) e Ana Lúcia Pinheiro (ativista do Movimento Nacional de Cidadãs Posithivas) .
A falta de assistência do município às pessoas que vivem com HIV e AIDS (PVHA) foi bastante criticada pelos presentes. Entre as queixas, estão a dificuldade de acesso à medicação prescrita, a falta de infectologistas, a falta de remédios e ainda a má gestão administrativa e a ausência de planejamento. “A tentativa de iludir a população com a ideia de que a estratégia 90-90-90 vai zerar o HIV/AIDS até 2030 é uma falácia. A cada ano está pior. Só na ABIA chegam de duas a três pessoas por dia que se descobriram positivas e não querem fazer o tratamento. Nós tentamos fazer o que nos cabe: acolher, encaminhar a outras pessoas, dar assistência e ajudá-las da melhor maneira”, ressaltou Almeida.
Gestão
Para Villard, o problema está na base. “O problema está na gestão, na base. É a obrigatoriedade de ser tratado na atenção básica, o que pode levar à falta de adesão que temos observado e que culmina com o abandono do tratamento. Falta uma coordenação que organize isso”, rebateu. Para Regina Bueno, não há boa vontade entre os gestores municipais e nem interesse pela causa e pela capacitação dos funcionários sobre o HIV/AIDS. Segundo ela, isso impede o êxito do tratamento e da prevenção. “Já temos o Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas (PCDT) que preconiza essas e outras ações para serem executadas no Rio de Janeiro”, lembrou a ativista.
Outro ponto debatido foi a relação entre o infectologista e o paciente. De acordo com o grupo, é preciso garantir um tratamento de qualidade e com mais estímulo à adesão. “O que falta é a confiança para isso dar certo. Sempre solicitamos aos nossos amigos médicos para que atendam jovens recém diagnosticados”, contou Almeida.
O SISREG (Sistema de Regulação de Leitos) também foi citado como um dos vilões na saúde municipal e estadual. Segundo os representantes, há notícias de que exitem mais de 1000 leitos desativados. Para quem vive com HIV e AIDS, a espera por tratamento e hospitalização pode determinar o limite entre a vida e a morte. “Com essa falta de vagas (nos hospitais) é mais um problema a ser enfrentado. Mesmo aqueles que querem que o sistema funcione, vão enfrentar esta falta de vagas”, sentenciou Rangel.
Texto: Jean Pierry Oliveira. Edição: Angelica Basthi