A ABIA lançou o “Guia do Sexo Mais Seguro – um guia sobre sexo, prazer e saúde no Século 21”. Este é o 1º guia brasileiro para o sexo mais seguro a incorporar as novas tecnologias biomédicas de prevenção, como a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP), entre outras. O lançamento aconteceu durante o“Seminário Ativismo Cultural, HIV e AIDS”, na sede da ABIA, Centro (RJ).
O “Guia do Sexo Mais Seguro – um guia sobre sexo, prazer e saúde no Século 21” está disponível online e é direcionado para pessoas maiores de 18 anos que vivem ou não com HIV/AIDS. Além de informações valiosas sobre como se prevenir do vírus HIV, a publicação oferece informações sobre a prevenção de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a sífilis, herpes genital, gonorreia, clamídia, hepatites virais, entre outras.
O guia tem ainda um glossário com terminologias técnicas e expressões populares sobre práticas sexuais e outras palavras usadas para lidar com sexualidade, prazer e saúde. As informações serão atualizadas de acordo com as inovações tecnológicas e/ou comunitárias.
Há 30 anos, a ABIA faz a intersecção entre o HIV, a AIDS e as questões de sexualidade, gênero e reprodução no contexto dos direitos humanos.
A produção deste guia foi desenvolvida pela equipe do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens que tem atuado com o foco nos jovens, gays, homens que fazem sexo com homens (HSH) e pessoas trans.
Para além da biomedicalização
A proposta da ABIA é disponibilizar uma variedade de informações a partir de uma abordagem aberta sobre a sexualidade. Segundo a instituição, não é possível falar de AIDS sem falar de sexo. Para fazer o enfrentamento da epidemia é necessário dialogar sobre saúde e sexualidade e também valorizar as diversas comunidades, identidades e subjetividades presentes hoje na sociedade.
“As pessoas podem acessar a página da ABIA ou a página do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens e se conectarem a um repositório de informações sobre sexo e prazer com foco na saúde. Queremos que usem estas informações de uma maneira que faça sentido para suas vidas”, adiantou Richard Parker, diretor-presidente da instituição.
Juan Carlos Raxach, médico, coordenador da área de promoção da saúde e prevenção da ABIA e responsável pelo conteúdo técnico do guia, lembra que embora a biomedicalização tenha uma força inegável no tratamento e na prevenção do HIV, é preciso dar às pessoas o direito de escolher sua própria estratégia para se prevenirem.
“As pessoas têm o direito de saber que existem a profilaxia Pós-Exposição (PEP) e o tratamento como prevenção, entre outros métodos que constam no guia, mas também de exercerem o seu direito de escolha. Não é o profissional de saúde quem deve ditar o que o indivíduo deve fazer da sua vida sexual”, atestou Raxach.
Saúde e prazer
A publicação explora também a sensualidade e o erótico de uma forma positiva. Com uma linguagem simples e fotografias reais, o guia oferece diversas modalidades de informações desde científicas até contos eróticos que tratam o sexo mais seguro a partir das fantasias e imagens sensuais.
Feito por várias mãos e mentes, o guia contou com a colaboração de médicos, cientistas sociais, jornalistas, entre outros, além de grupos focais organizados especialmente para contribuir com o conteúdo da publicação.
“Usamos a técnica do teatro expressionista para dialogar com estes públicos e debater sobre as linguagens e práticas sexuais que estão hoje em uso. Todo mundo já fez diversos guias de sexo ao longo destes anos. Mas estamos falando de um guia para o século 21 elaborado para que as pessoas entendam o que está acontecendo no corpo delas”, afirmou Vagner de Almeida, coordenador do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, que liderou o processo.
Vagner de Almeida também é o autor dos contos eróticos que ajudam a fortalecer o uso dos métodos preventivos. “Reunimos um grupo focal para produzir os contos, mas como nem todos dominam a escrita, eu assumi esta responsabilidade. Busquei estimular o leitor a dar continuidade na exploração do guia. É muito mais fácil dar uma explicação técnica sobre PEP se criarmos uma situação erótica sobre o tema”, revelou.
Lições do passado
O novo guia para o sexo mais seguro retoma a iniciativa das comunidades mais afetadas que nos anos 1980 inventaram o sexo seguro para se protegerem do HIV – antes mesmo do vírus ser cientificamente identificado.
“Ninguém sabia ao certo o que estava causando problemas no sistema imunológico, mas as comunidades afetadas entenderam que tinha algo acontecendo e que poderia ser sexualmente transmissível. Surgiram ideias e metodologias para tentar diminuir o risco, como a camisinha, o sexo sem penetração e outras práticas eróticas que diminuíam o risco”, contou Richard Parker.
Para o século 21, além da versão online, a ABIA preparou versões impressas com conteúdos exclusivos populações específicas. O lançamento da primeira versão impressa (foto) também aconteceu durante o “Seminário Ativismo Cultural, HIV e AIDS”. “Este primeiro material impresso foi dedicado aos jovens gays e HSH. Futuramente faremos um material específico para mulheres, mulheres trans e também homens trans”, informou Parker.
O “Guia do Sexo Mais Seguro – um guia sobre sexo, prazer e saúde no Século 21” é uma realização da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS.
Acesse o guia aqui .