Em dezembro de 2020, a chegada da vacina Pfizer e suas primeiras aplicações no Reino Unido fizeram com que ocorressem alguns paralelos com o HIV/AIDS e a desinformação levou as pessoas a confabularem teorias conspiratórias sobre a razão pela qual em 30 anos não houve vacina contra o HIV e, em um ano, já havia uma vacina pronta para a Covid-19. Enquanto a comunidade científica explica porque é incorreto propor um paralelismo entre os dois vírus neste ponto, talvez as duas pandemias possam entrar em diálogo sobre outros aspectos. Este é o objetivo da publicação “Dossiê ABIA -HIV/AIDS e COVID-19 no Brasil”.
Apesar de suas diferenças, a experiência acumulada pelo Brasil na abordagem do HIV/AIDS na perspectiva médica, social, econômica e política pode ser de grande utilidade para lidar com a pandemia da COVID-19. Oito intervenções da equipe da ABIA e de convidados externos estão reunidas nesta publicação para subsidiar a reflexão da sociedade civil organizada, de populações mais afetadas, gestores e profissionais de saúde.
Com uma seção final dedicada à posição da ABIA sobre a resposta brasileira à COVID-19, a publicação vai além do propósito acadêmico e se torna inteiramente uma denúncia política ao governo brasileiro diante das decisões desastrosas tomadas para lidar com a pandemia. A seguir, um breve resumo dos paralelismos que cada intervenção constrói em torno do HIV/AIDS e da COVID-19:
- Richard Parker e como os testes e tratamentos podem se tornar instrumentos perigosos se não forem apoiados por uma narrativa baseada nos direitos humanos e no espírito comunitário.
- Jane Galvão e a defesa dos direitos individuais e coletivos através do envolvimento comunitário e da solidariedade infranacional e internacional.
- Veriano Terto Jr e Jorge Beloqui e a aurora do multilateralismo e da inclusão da sociedade civil na política da vacina Covid-19.
- Richard Parker, Veriano Terto Jr, Juan Carlos Raxach, Vagner de Almeida e Angélica Basthi sobre como o Covid-19 está afetando a resposta ao HIV/AIDS desde o acesso ao tratamento até a governança política da sociedade civil.
- Angélica Basthi sobre o racismo estrutural e suas práticas brutais e como ele tem sido observado em grande escala na crise relacionada ao Covid-19.
- Juan Carlos Raxach sobre o retorno de conceitos estigmatizantes, tais como grupos de risco e como eles dificultam um enfrentamento da pandemia baseado nos direitos humanos.
- Jean Pierry Oliveira e o impacto da pandemia na vida dos jovens de comunidades e periferias (entrevista).
- Pedro Villardi e Felipe Fonseca e o esforço da sociedade civil pelo acesso universal a testes, vacinas e uma possível cura para a COVID-19.
- A posição da ABIA sobre a resposta brasileira à COVID-19 e como a omissão de dados da atual pandemia reedita o slogan “Silêncio= Morte”.
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