A 1ª Roda de Conversa “Felicidade e Medo na Era da AIDS” em 2016, realizada na sede da ABIA, teve como ponto de partida a troca de experiências para gerar saberes e conhecimento. Organizada por Vagner de Almeida, coordenador do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, o encontro contou com cerca de 20 participantes soropositivos ou não e abordou, entre outros temas, o medo presente no dia a dia (ou o acúmulo de infelicidades que as pessoas permitem ser instaladas) e a felicidade artificial (ou a necessidade de ser e estar feliz o tempo todo, sem o direito de sentir-se ou mostrar-se triste).
“Eu posso estar triste sem ser uma pessoa triste”, certificou o jovem ativista J.V. sobre os enfrentamentos do dia a dia. De acordo com Almeida, devemos sim ter o direito de dar vazão às nossas emoções, mas com atenção para não deixar que o sentimento o/a domine: “É preciso aprender a passar um esmalte sobre a pele para poder passar por cima disso”, afirmou, salientando que é nesses momentos que, se não estivermos atentos/as, o medo se origina.
Outro jovem, que também preferiu não ser identificado, trouxe para o debate a experiência de como é viver com HIV e lidar com o diagnóstico positivo após o resultado.“Antes de ter HIV eu achava que era feliz. Depois que eu me descobri positivo, eu passei a ver e pesar o que realmente me fazia feliz. A minha felicidade é poder ajudar uma pessoa e não colocar a minha felicidade no outro”, afirmou o jovem.
Almeida lembrou que o enfrentamento real não deve ser a culpa. “O que nós temos que enfrentar não é a culpa, mas sim o descaso social, a falta de solidariedade nas brechas da fragilidade”, enfatizou.
Pouco antes do final do debate, uma breve dinâmica, sugerida por Salvador Correa, coordenador adjunto da ABIA, revelou os medos e angústias que surgem no momento do diagnóstico. “O fato de terem surgido palavras como “mudança”, “coragem”, “vergonha”, “surto” mostra o quanto ainda precisamos nos reconectar com a felicidade a cada momento da vida”, sintetizou Corrêa.