A roda de conversa “Chupar ou Não Chupar: Eis a Questão”, sobre sexo oral, realizada em 23/03, na sede da ABIA, foi comandada por Vagner de Almeida e Juan Carlos Raxach, coordenadores do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, que tem o apoio da MAC. O evento foi direcionado somente para jovens, adultos gays, HSH, dentre outros, e o objetivo foi tratar abertamente sobre sexo oral e o HIV e os mitos que envolvem a prática.
Os tabus foram o ponto de partida do encontro. Segundo Almeida, falar sobre sexo ainda enfrenta a barreira moralizante e conservadora, pois “estamos vinculados à ditadura do corpo e da camisinha e presos aos padrões de beleza”. Para ele, a falta de diálogo e informação prejudica o acesso ao conhecimento sobre o sexo oral: “o desconhecimento acerca do sexo oral é uma das causas para a consolidação da visão crítica sobre o assunto e por isso é necessário transmitir informação, gerar o intercâmbio e multiplicar o conhecimento sem o estigma existente”, afirmou.
O sexo oral nas relações sorodiscordantes também foi abordado no debate. Juan Carlos Raxach explicou, por exemplo, que nestes casos, “é necessário que o parceiro com HIV tome corretamente os medicamentos, e faça exames regularmente a fim de atestar e verificar sua carga viral”. Raxach ressaltou ainda que o medo de contrair o HIV e AIDS é vista como única preocupação durante o sexo oral, mas que as doenças sexualmente transmissíveis, as DSTs (gonorréia, clamídia, cancro mole e duro, hepatite entre outras), são desconsideradas por quem faz. O acolhimento realizado pela Rede de Jovens do Rio de Janeiro (REAJVCHA-RJ) no pós- diagnóstico do HIV foi outro tema presente na roda de conversa. De acordo com Raxach, “descobrir-se soropositivo não é fácil e ter um apoio, informação, e suas dúvidas respondidas são fundamentais nesse longo processo, mas a rede pública de saúde, sucateada, não oferece este serviço”.
Outro destaque do evento foi a questão da “falsa sensação de segurança” existente, principalmente, entre os jovens sobre o HIV. A maioria banaliza o fato do vírus da AIDS ser uma doença com conseqüências para toda a vida, assim como o uso da camisinha. Salvador Corrêa, coordenador executivo adjunto da ABIA, lembrou que, além do preservativo, existem outros métodos de prevenção para o HIV e AIDS já disponíveis no sistema de saúde. De acordo com ele, “são medidas de seguranças fundamentais para o auxílio do sexo seguro, quando um indivíduo se expõe numa situação de risco”, concluiu.
Além de lubrificantes e preservativos, foram distribuídas as cartilhas “Juventude e Homossexualdiade: O que os Pais precisam saber”, “Tudo Dentro: Falando sobre DST/AIDS” e “Prevenção Combinada: Barreira ao HIV”, recentemente relançadas pela ABIA.