A Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) vem a público manifestar sua preocupação com retrocessos acerca da política de AIDS no país. Recebemos com cautela as recentes mudanças na gestão do Departamento Nacional de DST, Aids e Hepatites Virais, do Ministério da Saúde.
Reforçamos que a mudança na gestão da política de AIDS deve ser, sempre e em qualquer esfera de gestão, para ampliar o diálogo com a sociedade civil, bem com ampliar a possibilidade de incorporação do contraditório na participação social na construção da política de AIDS.
A ABIA defende o SUS e todos seus princípios e alerta para as preocupantes retóricas que defendem corte de recursos para saúde e afrontam a coesão constitucional nesse campo.
Ressaltamos que as mudanças devem fortalecer e ampliar a capilaridade da política de AIDS no país e servir de impulso para que o Brasil retome o seu histórico papel de pioneiro na defesa dos direitos humanos e na incorporação de novas medicações para acesso universal.
Lamentavelmente, percebemos que nos últimos 10 anos a política brasileira de combate a AIDS tem perdido força em decorrência dos interesses das indústrias farmacêutica e também das organizações sociais, as chamadas OS.
Reiteramos que é preciso ampliar a justiça social para todas as pessoas que ainda hoje encontram dificuldades de acessar aos serviços de saúde e é necessário compreender que o sofrimento e a vivência do estigma e da discriminação ainda se fazem presente na vida das pessoas com HIV e AIDS no país.
Alertamos que o momento atual requer esforços coletivos, do governo e da sociedade civil, para resgatar o pioneirismo do Brasil no enfrentamento a AIDS.
Recomendamos fortalecer as políticas atuais de prevenção, tais como: facilitar o acesso do preservativo masculino e feminino, ampliar a disponibilidade da PEP (profilaxia pós exposição), disponibilizar novas medicações para tratamento como prevenção e incorporar, imediatamente, a PrEP.
Rio de Janeiro, 01 de junho de 2016
Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS