Uma metodologia inovadora marcou o segundo dia do 3º Encontro Nacional para Intercâmbio e Avaliação do Testar e Tratar e seus Impactos no SUS (SUSAids Vidda), organizado pelo Grupo Pela Vidda-RJ (GPV-RJ) no Rio de Janeiro. O encontro começou em 01/11 e termina neste sábado (04/11).
Em busca de fortalecimento e de ações concretas, cerca de 80 ativistas de várias regiões do país dividiram-se em quatro grupos de trabalho: 1. Testar e Prevenir com equidade: estigma, preconceito, discriminação e exclusão social (GT1); 2. Tratamento universal, diálogo, adesão e integralidade: ARV e abandono (GT2); 3. Meta para o enfrentamento da epidemia brasileira: cascata do cuidado e dos direitos (GT3) e 4. Sustentabilidade das ações da sociedade civil, fortalecimento do SUS e resposta compartilhada (GT4).
Pela manhã, o GT1, por exemplo, identificou que a falta de informação e de conhecimento é um dos principais problemas para “testar e prevenir com equidade”. Segundo os/as participantes, promover o acesso a informação e ao conhecimento depende desde vontade política à formação apropriada de profissionais de saúde. “Falta vontade política, solidariedade, fazer o enfrentamento de barreiras culturais. É preciso estabelecer pontos entre universos culturais tão diferentes”, destacou o grupo durante o debate.
De acordo com Veriano Terto Jr., vice-presidente da ABIA e facilitador do GT1, a metodologia visa reforçar a formação dos/as militantes para aprimorar a capacidade de identificar os problemas e encontrar soluções. “Esta metodologia permitiu a participação de todos/as, é mais dialógica e garantiu a voz de homens, mulheres, diferentes gêneros, raças, gerações. É uma metodologia muito rica e também desafiadora para nos provocar a achar os pontos de consensos”, avaliou.
Outro membro da ABIA que participou desta edição do encontro foi Vagner de Almeida, coordenador do projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens. Ele apresentou a Oficina/jogral expressionista “Que preconceito você trouxe hoje?”.
O 3º SUSAids Vidda tem sido bem avaliado pelos/as participantes e voluntários/as. Vera Lucia da Conceição Caldeira, voluntária do SUSAids e ativista da União de Negros e Negras pela Igualdade (UNEGRO), por exemplo, destacou que as reflexões no 1º dia foram um alerta para o retrocesso que hoje o país enfrenta. “Estamos numa situação gravíssima. Tem retrocesso na área de medicamentos, tratamento, assistência… As pessoas com AIDS estão morrendo antes de chegar ao hospital porque não conseguem o tratamento”, salientou.
Já Regina Bueno, ativista na luta contra o HIV/AIDS, afirmou que espera chegar ao final do encontro com pelo menos três compromissos para a ação. “Achei que no dia da abertura faltou foco no coletivo e as mensagens foram um pouco repetitivas. Precisamos mudar isso, ousar e inovar, aprender como conquistar o coração das pessoas. No caso da AIDS, o caminho é o acolhimento e foi isso que aconteceu hoje no GT1, por exemplo”, afirmou.
Na comunicação oficial divulgada pelo Grupo Pela Vidda-RJ, Marcio Villardi, coordenador geral, propõe um novo olhar para as pessoas que vivem com HIV e AIDS sem preconceito, discriminação ou estigma: “Quem tem AIDS assume um novo estado, um novo modo de ser e estar no mundo. É preciso iluminar quem tem HIV e AIDS para que possam dizer em plena luz: ‘este é o meu nome, esta é a minha história’. (…) Passaram-se quase três décadas e o Pela Vidda-RJ continua a missão arquitetada por Herbert Daniel e parceiros”, sintetizou.