A 1ª Oficina Capacitação para Jovens Multiplicadores na ABIA aconteceu no dia 06/06 promovida pelo Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direito entre Jovens. A conversa, cujo tema foi “Sexualidade e Diversidade”, teve como facilitadores Vagner de Almeida, Jean Pierry Oliveira e Jéssica Marinho. A oficina teve ainda a participação especial do diretor-presidente da instituição, Richard Parker e de outros integrantes da equipe ABIA. O encontrou contou com a presença de 12 pessoas selecionadas, entre jovens, soropositivos ou não, interessados em aprender e multiplicar o conhecimento.
Os participantes receberam um guia sobre as “Novas Terminologias Sexuais e Comportamentais”. Mas Parker ressaltou que, no campo da diversidade sexual, as novas terminologias têm pouca efetividade se não forem contextualizadas a fim de facilitar a compreensão. “Os termos julgados corretos para falar sobre sexualidade podem dificultar o diálogo, pois são socialmente construídos e podem mudar ao longo do tempo”, explicou.
O silêncio em torno de temas sobre gênero e sexualidade e como isso afeta a resposta à epidemia do HIV e da AIDS foram os destaques da conversa. Entre as dificuldades apontadas pelos participantes, estão a ausência do diálogo com os familiares, na maior parte das vezes, provocada pelo moralismo religioso.
Homofobia
“Fui criado na igreja evangélica e até hoje minha família não sabe que eu sou gay”, afirmou o jovem R., de 20 anos. Há também casos de jovens que enfrentam o racismo e a homofobia em casa. “O meu pai é branco, militar, racista e homofóbico. E eu sou negro e bissexual”, revelou L., de 22 anos.
O moralismo compromete os direitos conquistados desde o início da epidemia. “A responsabilidade do avanço da epidemia tem sido colocada na conta dos jovens, mas eles são vítimas, porque não tiveram o acesso à informação corretamente”, comentou Juan Carlos Raxach, psicólogo e coordenador da área de promoção da saúde e prevenção.
Salvador Correa, psicólogo e coordenador da área de treinamento e capacitação, lembrou que, apesar da nomenclatura, a palavra “homofobia” não está vinculada ao medo. “A pessoa homofóbica não sente as reações fisiológicas típicas de quem sofre de uma fobia. O que a pessoa sente está relacionado ao ódio e à violência”, afirmou Corrêa. Para Parker, categorizar a homofobia como um efeito do medo limita as opções de contra-ataque a esse tipo de preconceito. “Como podemos criminalizar o medo? Não é medo, é uma relação de poder”, acrescentou.
A próxima oficina acontecerá no dia 13/06 e o tema será sobre o HIV e a AIDS. Os facilitadores serão Richard Parker, Juan Carlos Raxach e Veriano Terto Jr., vice-presidente da ABIA. A última oficina da série Capacitação para Jovens Multiplicadores vai ser realizada no dia 20/06. O período de inscrição terminou no dia 02/06.