O Observatório de Sexualidade e Política (SPW, sigla em inglês) marcou presença em dois eventos importantes sobre gênero, sexualidade e política realizados na Europa. O primeiro foi o workshop “Desordem no Gênero, Caos na Nação?” que aconteceu durante o Festival Libertés, em Bruxelas (Bélgica). O evento teve como propósito fazer uma reflexão sobre a ascensão do populismo e a chegada ao poder de líderes conservadores (Estados Unidos, Brasil, Hungria, etc) e os impactos do ressurgimento de medidas em defesa de uma ordem sexual tradicional. A segunda atividade foi o seminário “Políticas Antigênero e desdemocratização na América Latina – explorando conexões com a Europa do Sul”, realizado na Universidade de Coimbra, em Portugal. Em ambas ocasiões, o SPW foi representado pela co-coordenadora, Sônia Correa.
Em Portugal, Corrêa comentou sobre os dados do estudo “G&Pal”, que registra e acompanha o avanço das políticas antigêneros na América Latina, englobando os países como Argentina, Brasil, Chile, Equador, Colômbia, Costa Rica, México, Paraguai e Uruguai. Já em Bruxelas, Corrêa apresentou uma leitura crítica sobre a gestão do governo conservador de Jair Bolsonaro no Brasil. “O governo Bolsonaro é fundamentalmente desordenado. Sua política é de guerra implementada via twitter, decretos executivos, declarações matinais, propostas legislativas e até discursos da ONU. Pode assumir contornos grotescos e perversos que evocam os efeitos voyeurísticos do filme ‘120 dias de Sodoma’ no qual os traços exibicionistas e sádicos do fascismo são evidenciadas em imagens brutais e repulsivas. Essa associação é ainda mais pertinente porque “sexo”, masculinidade tóxica e tropos da dominação sexual estão na vanguarda do cenário político nacional”, afirmou Corrêa na ocasião.