O 7º Encontro Regional de ONGS AIDS do Sudeste (ERONG) aconteceu de 16 a 18/10, em Belo Horizonte (MG) e reuniu diversos representantes de Organizações da Sociedade Civil no combate ao HIV e à AIDS, profissionais de saúde e gestores públicos. O objetivo foi discutir e aprimorar propostas que serão levadas para o Encontro Nacional de ONGs AIDS, em Campo Grande (MS), previsto para acontecer de 8 a 12 de dezembro. De acordo com Veriano Terto Jr., que foi delegado da ABIA no encontro, o ERONG mostrou ser emergencial que haja maior difusão de informação e formação.
ABIA – Qual foi a expectativa para o ERONG?
Veriano Terto Jr. – A expectativa era que houvesse um reforço do diálogo regional entre o movimento social e os estados que compõem a região sudeste (SP, MG, ES, RJ). A ABIA participou como delegada pelo Fórum do Rio de Janeiro. O Fórum teve a agenda de propor um nome para a candidatura para instâncias de representação e também mostrar a situação da epidemia do Rio de Janeiro. Fomos como um coletivo, para valorizar o fórum local e dialogar com outros fóruns e a fim de alcançar bons denominadores comuns, traduzidos nas propostas, moções e posicionamentos aprovados no último dia e que serão divulgados em breve pelo ERONG.
ABIA – Pode fazer um balanço do encontro?
Terto Jr. – A abertura foi composta, tanto pelos representantes dos fóruns estaduais da região sudeste como por autoridades e representantes dos conselhos. Foram evidenciados desafios, como a dificil relação para conseguir apoio governamental entre estados e municípios para a iniciativa de associação da sociedade civil organizada. Também surgiram questões relacionadas a sífilis que impactam na resposta ao HIV e às DSTs. Outro tema foi o estigma e o preconceito que continuam sendo uma forte realidade e um obstáculo considerável nas ações de prevenção e tratamento nos quatro estados da região. Já o segundo dia foi dedicado às apresentações sobre temas que o ERONG considerou fundamental atualizar e debater, tais como direitos humanos e saúde; a prevenção com ênfase nos novos desafios, trazidos pela nova tecnologia de prevenção como pelas políticas internacionais como a meta 90-90-90 da OMS/UNAIDS; as discussões e atualizações sobre os mecanismos de financiamentos do SUS e ainda a testagem e questões relacionadas a assistência. Também foi debatido sobre o avanço do conservadorismo religioso e o impacto nas políticas de prevenção. O terceiro dia foi marcado pelos Grupos de Trabalho que prepararam propostas, moções e posicionamentos para aprimoramento e aprovação. Além disso, a plenária final aprovou o nome e as organizações para as instâncias de representação nacional que serão votadas no ENONG. O encontro permitiu um diálogo interregional para identificação de pontos que precisam ser reforçados na agenda política, na sociedade civil, como acesso, formação e relação com o estado.
ABIA – Quais foram as suas impressões?
Terto Jr. – Foi um ótimo momento para pensarmos sobre a dimensão de como a AIDS continua afetando populações mais vulneráveis. Também nós nos questionamos até que ponto vai ser viável a política do “90-90-90”, considerando a situação do SUS, inclusive a pauta de financiamento, a dificuldade de acesso a cirurgia e intervenções reparadoras da lipodistrofia. Ficou claro também a necessidade de mais iniciativas de informação e formação tanto para profissionais de saúde quanto para movimento social sobre os novos métodos e tecnologias de prevenção e iniciativas como testar e tratar. São demandas urgentes, assim como voltar a aproximar o enfrentamento da AIDS com a agenda dos direitos humanos, bem como dos direitos sexuais e econômicos.
ABIA – Você participou da mesa “Populações chaves: o que falta para avançar”. Que temas você levou para o debate?
Terto Jr. – Basicamente, a minha fala foi sobre a produção e aplicação da nomenclatura “populações chaves” para categorizar as populações mais afetadas pela epidemia ou em mais risco. Fiz questionamentos sobre como a nomenclatura é produzida e atualizada e o que isso está representando. Também questionei se dá conta da necessidade e das experiências culturais, sociais e emocionais das populações as quais tenta se referir.