A 2ª Roda de Conversa “Quando? Com quem? Falamos que somos soropositivos?”, realizada na sede da ABIA (25/09), foi mais um momento de trocas intensas. O evento propôs a continuidade do diálogo sobre expor (ou não) a soropositividade, para quem e em qual momento. Nesta edição, a conversa abordou intersecções entre fatores, como pobreza e violência; o vírus social do preconceito; o medo e a importância do autocuidado.
De acordo com Vagner de Almeida, quem coordena as Rodas de Conversa na ABIA, ainda permanece a crença de que o soropositivo pode ser definido por suas características físicas ou que deve ser rejeitado ou expulso por oferecer risco. “Isso acontece porque ao falar de sexualidade, informações importantes são omitidas”, reconhece. Já Salvador Corrêa, coordenador executivo adjunto da ABIA, acredita que uma das principais dificuldades é a forma como se transmite a informação a públicos distintos. “É preciso desconstruir a linguagem técnica para transmitir o conhecimento”. Na mesma linha, Veriano Terto Junior, assessor de projetos da ABIA, ressaltou a importância do acesso à informação. “O paciente soropositivo precisa se apoderar de informação e levar este conhecimento à família e, só então, revelar sua sorologia”, lembrou.
O ativista Cazu Barroz, da Federação de Bandeirantes do Brasil (FBB), contou sobre a desconfiança que sofre em relação a sua condição de ser soropositivo. “Porque participei de campanhas de combate à AIDS, tem gente que acha que sou um ator interpretando um soropositivo. Até me pedem exames que comprovem a infecção”, revelou Barroz, ressaltando que, independente da situação, cada pessoa deve encontrar o momento certo para revelar a sorologia.
Um dos pontos altos da Roda de Conversa foi quando Almeida, propôs uma dinâmica onde cada participante expôs sua reação ao descobrir que alguém “querido/a” é soropositivo/a. O ativista Cleverson Fleming, gerente de projetos da Agência de Redes para Juventude, por exemplo, relatou emocionado a história de uma tia que se descobriu soropositiva e que entrou em depressão profunda. “Ela teve a sorologia exposta pela própria família. Isso fez com que ela se isolasse e entrasse em depressão profunda. Acho que, em parte, não foi o HIV que a matou, mas toda aquela representação em torno dela. Tentei me aproximar, lembrar de quem ela era, mas nada adiantou”, revelou Fleming.
A 2ª Roda de Conversa “Quando? Com quem? Falamos que somos soropositivos?” é mais uma ação positiva do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direito entre Jovens, da ABIA.