A ABIA recomenda que o Olavo de Carvalho seja imediatamente submetido a exames para verificar se sua saliva não transmite o vírus da ignorância e do preconceito.
Em infeliz comentário nas redes sociais, Olavo de Carvalho se referiu ao episódio ocorrido entre os deputados Jean Wyllys e Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados, no último dia 17/04, e destilou doses vergonhosas de desinformação e desrespeito às mais de 780 mil pessoas que hoje vivem com HIV/AIDS no Brasil.
O Senhor Olavo insinuou que Bolsonaro, na condição de possível presidenciável, não tem o direito de se expor à AIDS e tem a obrigação de exigir que a justiça force o deputado Jean Wyllys a fazer exames para verificar se sua saliva transmite o vírus HIV.
Senhor Olavo, as pessoas vivendo com HIV/AIDS podem exercer qualquer função na sociedade, incluindo a presidência. A soropositividade para HIV não pode ser um pretexto para que se retire o direito à cidadania.
Senhor Olavo, uma ação de saúde, como um exame, não pode de forma alguma ser exercida de forma coercitiva, e sim com solidariedade, acolhimento e inclusão, respeitando a autonomia dos indivíduos
Senhor Olavo, a AIDS se propaga por meio do vírus biológico e por meio do vírus ideológico. A ciência já provou há muito tempo que saliva não transmite o vírus biológico, mas ela pode transmitir o vírus ideológico (que é o mais perigoso) quando usada em discursos desinformados e preconceituosos como o seu.
Senhor Olavo, o HIV não escolhe pessoas por orientação sexual. Associar a homossexualidade com a AIDS é mais uma manifestação de puro preconceito.
Senhor Olavo, ao invés de se preocupar com a saúde do Sr. Bolsonaro, sugerimos que se preocupe com a saúde da população brasileira e com as atuais deficiências na luta contra a AIDS, como precarização dos serviços, preço abusivo de medicamentos essenciais, falta de campanhas educativas, dentre muitas outras.
Senhor Olavo, ao invés de se preocupar com punições ao Sr. Jean Wyllys, sugerimos que se preocupe com as punições previstas na lei 12.948, que criminaliza a discriminação contra pessoas soropositivas.
Por fim, enfatizamos que somos contra toda e qualquer forma de criminalização da transmissão do HIV.
Rio de Janeiro, 20 de abril de 2016