A ABIA participou do painel “Acelerando a resposta para o fim da epidemia de AIDS até 2030”, realizado no 10º Congresso de HIV\AIDS e 3º Congresso de Hepatites Virais, que acontece até o dia 20 de novembro, em João Pessoa (PB). Durante o painel, Salvador Correa, coordenador executivo adjunto da ABIA, falou sobre o “Papel da sociedade civil na aceleração da resposta à epidemia de AIDS” no contexto dos últimos 15 anos da epidemia.
Correa iniciou a palestra fazendo uma provocação e propõs uma alteração no titulo da sua fala para o “Papel do que restou da sociedade civil na aceleração da resposta à epidemia de AIDS”.
De acordo com o coordenador adjunto da ABIA, houve uma desestruturação brutal da sociedade civil organizada que, não por acaso, coincide com a fase do crescimento das Organizações Sociais (OS), cujo formato tem desencadeado um processo de mercantilização da saúde. Para ele, é preciso devolver às ações comunitárias, e portanto, à sociedade civil organizada, o real valor na construção da resposta à epidemia.
Correa também fez uma leitura crítica da meta 90-90-90, uma ambiciosa meta de tratamento para contribuir para o fim da epidemia de AIDS, estabelecida pelo Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV\AIDS (UNAIDS). A meta 90-90-90 traduz o objetivo de alcançar, até 2020, 90% de todas as pessoas vivendo com HIV diagnosticadas, ou seja, 90% saberão que têm o vírus HIV; 90% dessas pessoas diagnosticadas receberão terapia antirretroviral sem interrupção; e 90% de todas as pessoas recebendo terapia antirretroviral terão supressão viral.
De acordo com o programa da ONU “pôr fim à epidemia de AIDS é mais do que uma obrigação histórica para com as 39 milhões de pessoas que morreram da doença. (…) E vai inspirar esforços na área da saúde global demonstrando o que pode ser alcançado por meio da solidariedade”, afirma o documento. Na avaliação de Correa, para que a meta seja uma perspectiva possível, entre as tarefas, é preciso considerar que as pessoas sejam empoderadas para tomar a decisão sobre o tratamento que melhor se ajusta à realidade de cada um.
“A sociedade civil não pode ser mera executora de programas prontos. Ela precisa ser ouvida e ter o seu discurso respeitado. Também é preciso considerar a redução dos custos das medicações para garantir o acesso universal aos medicamentos e que sejam os que promovam o menor efeito colateral para garantir a adesão”, afirmo o coordenador adjunto da ABIA.