O Rio de Janeiro recebeu ativistas de várias partes do mundo (América Latina, África, Ásia e Estados Unidos) para abordar as pautas comuns entre justiça sanitária, climática e ambiental. O evento internacional “Por que a Justiça de Saúde é importante. A pandemia da COVID – Lições, Reflexões e Intersecção do Sul Global com a Justiça Climática” aconteceu de 24 a 27/04 e foi organizado por grupos do Sul Global, representados por Internacional dos Serviços Públicos (ISP), Health Justice Initiative (HJI), Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), Médicos Sem Fronteiras e FASE, dentre outras instituições. Durante o encontro, foi realizada uma homenagem ao ativista Jorge Beloqui, falecido há pouco mais de um mês.
A ABIA, além de fazer parte do pool de organizações, integrou a mesa de abertura – representada por Veriano Terto Jr., vice-presidente da instituição – e apresentou uma palestra – feita por Richard Parker, diretor-presidente – sobre a trajetória do que é hoje conhecido por saúde global: de onde partimos desde os tempos coloniais até os dias atuais.
As primeiras intervenções – elaborada por ativistas latino-americanos – reforçaram o reconhecimento do papel desempenhado pelo Brasil e a região da América Latina na história do movimento de acesso aos medicamentos ao sediar o encontro, apesar do cenário político desafiador após os retrocessos nos últimos anos.
O encontro apontou como eixos fundamentais a valorização da solidariedade, a integração de causas no campo da saúde e ambiental, além da exigência da prestação de contas dos governos e da filantropia.
HIV e AIDS
Foi lembrado ainda que a tuberculose, malária e HIV/AIDS ainda são grandes desafios para a saúde. As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por 41 milhões de mortes a cada ano, sendo a hipertensão a doença que mais mata no mundo entre as DCNT. Foi também lembrado que as mudanças climáticas são responsáveis pela disseminação de doenças como a dengue, além de afetar a saúde materna e neonatal.
Outro destaque no debate foi a discussão sobre a necessidade de se reconfigurar a racionalidade capitalista e promover o desenvolvimento para a igualdade. “A justiça climática visa a equidade na responsabilidade e na distribuição de impactos”, afirmou uma ativista. O encontro também abordou sobre como o histórico dos direitos de propriedade intelectual afeta o acesso a medicamentos.
Em breve, a ABIA vai organizar um Ecos do “Por que a Justiça de Saúde é importante. A pandemia da COVID – Lições, Reflexões e Intersecção do Sul Global com a Justiça Climática” e apresentar à sociedade civil brasileira um painel completo sobre o que aconteceu no encontro.
Edição: Angélica Basthi
Fotos: Vagner de Almeida e Angélica Basthi