A 2ª Roda de Conversa “O que o Betinho faria?”, realizada na ABIA, reuniu cerca de 15 pessoas, entre ativistas e colaboradores da instituição. No debate, houve opiniões com críticas e defesa relacionadas ao atual governo, mas o pensamento comum foi de que o cenário é caótico e preocupante.
Sonia Correa, pesquisadora associada da ABIA, criticou a participação do movimento social nos últimos anos do governo. Para ela, o movimento ficou em silêncio. “Ficamos olhando para o Estado e esperando que parisse uma sociedade nova”. Para a pesquisadora, é preciso olhar para o presente e entender os atores em jogo. Correa lembrou ainda das forças que abandonaram o navio e de como foram importantes para o retrocesso de políticas públicas, principalmente as de saúde.
Veriano Terto Junior, assessor especial da ABIA afirmou que há uma crise mais profunda baseada em um conflito ético e nos valores que regem a sociedade brasileira. Para ele, o erro está na crença ocidental de que “o processo tecnológico e a ascensão à vida moderna resolveriam todos os problemas”.
Já Juan Carlos Raxach, assessor de projetos da ABIA, criticou o Partido dos Trabalhadores (PT) por ter se preocupado em ampliar a participação da população pobre do ponto de vista do consumo, e não à conscientização política. Também com duras críticas ao PT, Carolinne Scopel, assessora do Grupo de Trabalho sobre Propriedade Intelectual (GTPI), coordenado pela ABIA, acredita que é preciso diálogo com as minorias.
Em defesa do PT, o ativista Rafael Agostini apontou a conquista dos direitos e as melhorias para o país como feitos alcançados pelo partido. Já Angélica Basthi, jornalista e coordenadora de Comunicação da ABIA, ressaltou que é preciso ter cautela, pois o cenário é caótico e as opiniões emitidas correm o risco de cair no binarismo político.
Outra ativista, Ana Paula de Souza, da ONG Ação da Cidadania pontuou sobre a necessidade de dar vez ao protagonismo das bases. “Essa população fica à margem do processo político. O mínimo de informação é capaz de promover mudanças”, afirmou. Já a jornalista Marina Maria, da Fiocruz, destacou alguns dos desafios deste cenário: “Como fazer resistência num ambiente tão desfavorável? Como fazer do ativismo digital um elemento de mobilização social?”, questionou.
Por fim, Felipe de Carvalho, coordenador do GTPI/ABIA, afirmou que a pressão da sociedade civil organizada foi a grande responsável pelos principais avanços ocorridos no país. Para ele, com criatividade e mobilização, a sociedade civil pode resistir. E lembrando do sociólogo Herbert de Souza (o Betinho), finalizou “estamos na era da fome de direitos”.