O Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica abre neste sábado (9/12) a exposição fotográfica “O que você não vê: a prostituição vista por nós mesmas”. As imagens foram feitas durante os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos (agosto e setembro de 2016) por dezesseis pessoas (mulheres, travestis e pessoas trans) que atuam na prostituição em diversos contextos do trabalho sexual – rua, sauna, boate, bares, zona, internet –, e em diferentes regiões da cidade do Rio de Janeiro. A mostra ficará aberta ao público até 19 de fevereiro de 2018. A ABIA é uma das instituições parceiras desta ação.
Foram mais de 1.500 fotos e milhares de textos e áudios compartilhados em grupos de WhatsApp. O processo combinou engajamento artístico e expressão de singularidades nas relações com a cidade e o trabalho sexual. A curadoria da exposição foi feita de forma coletiva com as participantes durante vários encontros e oficinas.
“O processo buscou viabilizar a apropriação do conhecimento técnico e artístico das pessoas integrantes para produzir seus próprios discursos e imagens sobre a vida cotidiana de quem trabalha na prostituição”, informa a organização.
No dia 9/12 também serão lançadas duas edições especiais do jornal “Beijo da rua”, respectivamente, sobre a prostituição durante os Jogos Olímpicos e a outra celebrando os 30 anos do movimento brasileiro de prostitutas.
Em 1987, a recém-formada Rede Brasileira de Prostitutas organizou no Rio de Janeiro um ato público chamado “O Mangue Resiste” contra a remoção da antiga Vila Mimosa do Mangue no dia 10 de dezembro daquele ano. O evento foi realizado no Circo Voador, e contou com apoio de artistas e escritores renomados na época.
Na ocasião, Jorge Amado enviou uma mensagem de solidariedade ao movimento. “(…)minha total solidariedade este ato (…) para denunciar as violências de que estão sendo vítimas os habitantes da região do Mangue, em especial as prostitutas, às quais são negados quaisquer direitos, os mais mínimos, vítimas de ‘grilagem urbana, especulação imobiliária, corrupção e irregularidades administrativas e discriminações sociais”, afirmou o escritor.
A exposição “O que você não vê: a prostituição vista por nós mesmas” é resultado de parceria entre diversas instituições: Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), Observatório de Sexualidade e Política (SPW, sigla em inglês), Davida, Observatório da Prostituição/IPPUR/UFRJ, Transrevolução, Casa Nem, Grupo Pela Vidda, e conta com apoio do Economic and Social Research Council de Bournemoth University, Open Society Foundations, Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Plataforma de Emergência e a Secretaria Municipal de Cultura (RJ).
SERVIÇO:
Exposição “O que você não vê: a prostituição vista por nós mesmas”
Data: 9/12/2017 até 19/2/ 2018
Horário: Seg., Qua. e Sex., de 12h às 20h, Ter. e Qui. De 10h às 18h
Local: Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica – Rua Luis de Camões, 68 – Centro (RJ)
Fonte: Observatório da Prostituição