O debate sobre “Como lidar com sexo oral em campos minados” começou antes mesmo da roda de conversa se iniciar. Pelas redes sociais surgiu o questionamento: “por que o termo ‘campos minados’?”. Vagner de Almeida, coordenador do projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direito entre Jovens, respondeu afirmando que o título causa desconforto porque faltam espaços que falem abertamente sobre sexualidade: “o conceito campos minados não estigmatiza ninguém. Mas as pessoas fazem sexo oral, então é preciso discutir o tema”, ressaltou.
O encontro teve como objetivo debater sobre a prevenção no sexo oral. E lembrar que, por conta da recente expansão de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), o sexo oral não pode trazer consequências para a vida das pessoas. Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram que a supergonorreia, forma resistente da IST, tem se espalhado em razão da pratica de sexo oral desprotegido. “Muitas pessoas não são diagnosticadas e nem tratadas”, salientou Almeida.
Para os participantes da roda de conversa na ABIA, a vergonha de falar abertamente sobre sexo continua como o principal motivo das pessoas não procurarem pelo tratamento. Os presentes também compartilharam informações sobre práticas sexuais prazerosas e saudáveis. A.V, de 23 anos, afirmou que faz sexo no banheiro da balada e nunca deixou de se proteger. “Eu levo camisinha, gel lubrificantes, lenço umedecido, tudo dentro do bolso porque sei que vou transar no banheiro da festa”, revelou. “Não é a quantidade de sexo que você faz que é perigosa, é a qualidade”, completou outro participante, R.M, de 25 anos.
Almeida finalizou a conversa ressaltando sobre o valor da informação de qualidade e sem preconceitos circular na sociedade: “é importante que existam pessoas a quem os jovens possam recorrer sem serem julgados”, concluiu.
Naíse Domingues, estagiária sob supervisão de Angélica Basthi