O auditório do Grupo Pela Vidda-RJ ficou lotado para a celebração dos 33 anos da instituição pioneira na luta pelos direitos das pessoas que vivem com HIV e AIDS. Ao todo, 80 pessoas estiveram presentes na sede da instituição, no Centro do Rio, em um final de tarde de confraternização e muita emoção ao lembrar das pessoas que deram a vida pela luta no movimento de HIV e AIDS.
Representantes de entidades estaduais e nacionais dos movimentos de HIV e aids e LGBTQIA+ homenagearam a jornada do Pela Vidda-RJ nestas mais de três décadas. O Fórum ONG Aids do Rio de Janeiro entregou ao coordenador da ONG, Marcio Villard, e à presidente, Maria Eduarda Aguiar, um diploma pela defesa dos direitos humanos e valorização das pessoas vivendo com HIV. O vice-presidente da Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA), Veriano Terto, ressaltou a contribuição histórica da instituição fundada pelo sociólogo Herbert Daniel.
“Foi nesse grupo que foi cunhado alguns dos principais conceitos que orientam a luta contra a aids no Brasil, como a solidariedade, como a vida antes da morte, que foram ferramentas fundamentais para enfrentar o estigma, enfrentar as perdas e valorizar a vida de todas as pessoas vivendo com HIV e aids”, disse Veriano . “Com tantos revezes na nossa democracia, é muito importante que o Pela Vidda chegue aos 33 anos de portas abertas com tanta gente participando. É um exemplo que deve ser ouvido, seguido e valorizado tanto pelo seu aspecto atual, como pela memória das pessoas que hoje não estão mais com a gente. O Pela Vidda traz um legado que, além do movimento de HIV e AIDS, contempla a defesa da saúde pública brasileira”, completou.
Figuras como a representante do Fórum De Travestis e Transexuais do Rio de Janeiro, Wescla Vasconcelos, a fundadora do movimento lésbico Ocupa Sapatão, Camila Marins, Daniel Bezerra, da FIOCRUZ, e o presidente do Grupo Arco-Íris, Claudio Nascimento, prestigiaram o sarau artístico que homenageou grandes artistas, como o eterno Cazuza, enquanto, nos bastidores, os educadores voluntários se empenhavam para o sucesso do evento. Os drinks preparados pelo educador Tarcísio Santana fizeram sucesso. A FIOCRUZ, generosamente, ofereceu bolo, salgados e refrigerantes para os convidados.
A médica infectologista e também fundadora do Pela Vidda-RJ, Marcia Rachid, destacou como a memória do fundador, Herbert Daniel, segue guiando os rumos da instituição nestes 33 anos de existência.
“É um grupo que tem como principais características a acolhida, de luta pela qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV. Tem esse fundamental papel de modificar o impacto que o diagnóstico pode provocar. Nessa casa, a pessoa se sente bem e recebe todas as orientações para seguir em frente. É o olhar cuidadoso que o fundador do Pela Vidda-RJ, Herbert Daniel, tanto pedia e que seguimos realizando. Pela vida. Pela importância do abraço. Eu sou testemunha de como o Pela Vidda mudou e continua mudando a história das pessoas ao longo destes 33 anos”.
O coordenador do Pela Vidda, Marcio Villard, ressaltou a luta do Pela Vidda diante dos retrocessos vividos nos últimos anos com a retirada de direitos imposta pelo governo federal atual. Segundo Villard, o Pela Vidda cumpriu seu papel e atuou frente à omissão do Estado com a população mais vulnerável durante a pandemia.
“São 33 anos de luta e resistência que o Pela Vidda, idealizado pelo Herbert Daniel, vem atuando na defesa dos direitos das pessoas vivendo com HIV e AIDS. A conjuntura dos últimos anos tem sido de muitos retrocessos. A destacar o que a gente vem vivendo no INSS, nas questões previdenciárias”, disse Marcio Villard”.” O Pela Vidda vem oferecendo assistência jurídica às pessoas ante esses retrocessos. Com a pandemia, a necessidade de luta e resistência foi redobrada. Com o apoio de instituições parceiras, oferecemos cestas básicas às pessoas em situação de vulnerabilidade. Hoje, estamos aqui para celebrar que, se chegamos aqui, foi por meio de uma trajetória de muita luta nossa e de todas as pessoas que passaram pela instituição ao longo de todos estes anos”, completou.
Fonte: Agência de Notícias da AIDS