Com a aprovação por pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), na tarde deste domingo (17), dos os pedidos de uso emergencial no Brasil das vacinas CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac, e AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford com a Fiocruz, infectologistas ressaltam a importância imediata da vacinação para diminuir o impacto da pandemia. Confira a seguir reportagem completa da Agência de Notícias da AIDS.
Dra. Adele Benzaken
Diretora médica sênior global da AHF, Dra. Adele Benzaken é infectologista e ex-diretora do Departamento de IST/Aids e Hepatites Virais do Ministério da Saúde. Foi diretora da Fundação de Dermatologia Tropical e Venereologia “Alfredo da Matta”, em Manaus, e oficial do Programa Nacional do Unaids/Brasil. Atualmente exerce suas atividades também como diretora Regional para América Latina da International Union Against Sexually Transmitted Infections (IUSTI, sigla em inglês), é membro do comitê de certificação da eliminação da sífilis e do HIV da OPAS-Organização Pan-Americana de Saúde e vice-presidente do comitê de especialistas da OMS.
“Oxford e CoronaVac são vacinas que usam diferentes metodologias em relação à Pfizer e à Moderna, que foram as duas aprovadas pelo FDA americano. Entretanto, para a situação emergencial do país é muito importante iniciar uma vacinação em massa com qualquer que seja a vacina, porque o impacto é tremendo. Nós já estamos vendo em Israel, onde 20% da população já foi vacinada, que já existe uma redução do número de casos novas da infecção. Acho que é um ganho enorme para o Brasil. Espero que o nosso PNI responda adequadamente com relação a um plano de vacinação que não deixe de fora os mais vulneráveis e no nosso estado (Amazonas) tão sofrido, que não se esqueça da população ribeirinha e dos indígenas. Os indígenas estão priorizados na primeira fase, o que deve ser uma grande missão para a SESAI, mas os ribeirinhos não constam ainda nesse plano. Então, é uma outra situação. Claro, cada estado com suas peculiaridades tem populações de difícil acesso que devem, como brasileiros também terem acesso às vacinas. Estou muito feliz hoje, é domingo na Vila de São José da Barra – como se chamava a antiga Manaus. A aprovação da Anvisa é um passo técnico, agora os profissionais de saúde e, principalmente, os programas têm a função de colocar as vacinas nos braços das pessoas para que gente tenha esse impacto de redução de casos e, principalmente, de redução de casos graves. Acho que isso foi demonstrado como uma das vantagens da vacina”, afirma Benzaken.
Dra. Zarifa Khouri
A médica infectologista Zarifa Khoury trabalha no Programa Municipal de DST/Aids de São Paulo, é membro do Corpo Clínico do Hospital Albert Einstein, e professora adjunta da cadeira de moléstias infectocontagiosas e parasitárias na Faculdade de Medicina da Universidade de Santo Amaro.Desde 1983, ela atende pessoas com HIV e AIDS no Hospital Emílio Ribas, onde começou como residente e hoje é supervisora de internação; coordenadora do ambulatório de micoses profundas; e faz a monitoria dos residentes em infectologia.
“A vacinação é muito importante porque é ela que vai prevenir os casos graves, reduzir o número de internações e óbitos pela covid. A liberação do uso emergencial pela Anvisa é primordial. Nós estamos atrasados perante o mundo para o início da vacinação. Neste momento, é imprescindível que a gente comece a vacinação com qualquer vacina e a que nós temos é a CoronaVac. Não devemos ficar vendo qual é a melhor”, diz a médica infectologista.
Dr. Robinson Camargo
Coordenador de Assistência do Coordenadoria de IST/Aids da Cidade de São Paulo.Formado em 1985 como clínico-geral, Robinson Camargo já se interessava na época da faculdade em estudar a nova doença que estava surgindo entre homossexuais nos Estados Unidos, em 1982. Após dois anos, ele já estava perdendo amigos e pessoas próximas para a Aids. Foi em 86 que ele atendeu o primeiro paciente com HIV. Robinson é um dos responsáveis pela criação do Serviço Ambulatorial de Especialidades em DST/Aids Herbert de Souza Betinho, em Sapopemba, região leste da cidade de São Paulo, gerenciado por ele. O serviço ambulatorial, que funciona de segunda à sexta, atende em média 140 pessoas por dia um de seus diferenciais é que nele há uma grande atuação da comunidade da região.
“Com a aprovação da Anvisa das duas vacinas disponíveis para uso emergencial, o PNI deve atuar rápido para a distribui-las para aqueles que estão na linha de frente da Covid19 e população mais vulnerável. Porém é importante mantermos o distanciamento social e todas as medidas de higiene. Devemos informar a população sobre a segurança e a eficácia da vacina, daí a necessidade da mídia enfrentar de modo intenso as fake news anti-vacina que infestam as mídias sociais de forma perversa. Então, agora vamos todos nós nos esforçar para levar a vacina a todos e insisto em orientar que precisamos manter o distanciamento social, o uso de máscara e higienização das mãos. Estamos mais perto de sair dessa pandemia, isso é um alento. #SomosTodosSus”, afirmou Camargo.
Rico Vasconcelos
Possui graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (2004) e residências médicas em Clínica Médica (2007) e Infectologia (2010) pelo Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Trabalha na área de tratamento e prevenção de HIV e outras infecções sexualmente transmissíveis, e com pesquisas clínicas com Profilaxia Pré Exposição (PrEP) para HIV. É colunista da secção VivaBem do Portal UOL.
“Enquanto só tínhamos as estratégias de prevenção comportamentais contra o coronavírus, como o distanciamento social e o uso de máscaras, sabíamos que o controle da sua disseminação ia ser limitado. Foi igual com o HIV e a camisinha. Agora com uma estratégia de prevenção biomédica, como a vacina, enfim vamos virar o jogo e começar a ganhar a batalha. Mas isso só será possível se todos se vacinarem”, disse Vasconcelos.
Fonte: Agência de Notícias da AIDS