E já se passaram duas décadas desde que a Associação Brasileira Interdisciplinar de AIDS (ABIA) materializou uma reflexão sobre o modo que o estigma e a discriminação afetavam (afetam) as pessoas que vivem com HIV/AIDS.
O conteúdo havia sido rejeitado pelos norte-americanos que engavetaram o projeto. Os detalhes sobre essa história nada pitoresca estão no novo prefácio do livro “Estigma, Discriminação e AIDS”, de Richard Parker e Peter Aggleton, que a ABIA lança numa reedição duas décadas depois do primeiro lançamento, em 2001. Para fazer download sem nenhum custo financeiro só clicar aqui .
Clássico
“Estigma, Discriminação e AIDS” é considerado um clássico na literatura sobre HIV/AIDS no Brasil e no mundo. A trajetória da obra, no entanto, é surpreendente. Inicialmente encomendada pelo Projeto Horizon, financiado na ocasião pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID, sigla em inglês), o texto final foi rejeitado por seus dirigentes.
Parker conta como foi a experiência: “Descobrimos que a liderança do Projeto havia odiado o texto que ficou numa gaveta. De certa forma isso não nos surpreendeu já que examinamos as ligações entre cultura e poder, além de entender o modo que o estigma atuava na produção e reprodução da desigualdade, da exclusão e da opressão. E essa não era uma mensagem que a indústria global de AIDS em rápido crescimento na época, teria o prazer de ouvir”, revelou Parker, no novo Prefácio do livro.
Impacto global
Desde que foi publicado pela primeira vez, em 2001, o texto não parou de circular pelo mundo. As reflexões de Parker e Aggleton ajudaram a remodelar o estudo do estigma relacionado ao HIV e à AIDS, bem como as abordagens desenvolvidas para enfrentá-lo. Parker reconhece que a trajetória do livro traz lições importantes. Uma delas é o quanto as reflexões que circulam pelo mundo têm raízes na experiência brasileira e na longa história de engajamento do movimento AIDS no país nas décadas 1980 e 1990.
“Betinho, por exemplo, foi a primeira pessoa no mundo (pelo meu conhecimento) a articular “direitos humanos” como um marco para a resposta à epidemia – em sua palestra de 1987 sobre “AIDS e Direitos Humanos”, na Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (Souza 1987)”, contou o diretor-presidente da ABIA.
Além do livro, instituição também está disponibilizando um relatório com os principais resumos do Workshop Conceituação sobre estigma, preconceitos e discriminação, ministrado por Parker, num webinar realizado no mês de abril. Para baixar o relatório só clicar aqui. Se quiser assistir os ensinamentos de Parker sobre este tema no YouTube só clicar aqui .
Faça o download sem nenhum custo financeiro do livro Estigma, discriminação e AIDS
Em breve, a ABIA também disponibilizará a versão impressa do livro.