A população de mulheres travestis e transexuais está entre as mais vulneráveis à infecção pelo HIV/AIDS e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Do outro lado, a população de homens transexuais continua desassistida e imersa na invisibilidade – dentro e fora do meio LGBTI. Com o objetivo de discutir essas questões, que perpassam por uma carência de políticas e ações de saúde pública, assim como por desigualdades e violências estruturais enfrentadas pelas pessoas trans, o “Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos e Saúde entre os Jovens” da ABIA realizou a roda de conversa “Saúde da População Trans”.
A atividade aconteceu no Salão Betinho, na sede da instituição, e contou com a participação de mulheres trans e travestis, pessoas LGBTQI, estudantes e ativistas ligados ao movimento de luta contra a AIDS. A mediação foi do coordenador do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens da ABIA. “Quando criamos o guia do sexo mais seguro, que conta com um folder exclusivamente dedicado a mulheres trans e travestis, vimos a importância de abordar essa tema, de fazer girar conhecimento sobre essa população que é totalmente negligenciada, estigmatizada e violentada. E o feedback nos surpreendeu por que muitas pessoas, que já são ativistas que já tem acesso a esse tipo de informação vieram relatar que nunca tinham visto esse tipo de material. Por isso estamos fazendo girar este conhecimento”, disse Almeida.
Mulher trans e educadora em prevenção do Grupo Pela Vidda RJ, Thayla Varggas defendeu a importância do acesso à informação não somente sobre as iniciativas de saúde mas também sobre os direitos que as pessoas trans possuem como o respeito ao nome social. “Se não respeitam o meu nome social, já armo um barraco, falo que tá na lei, explico que não é uma escolha do profissional de saúde, mas sim, um direito das pessoas trans e se eu for chamada pelo meu nome de registro, vou sim tomar providências por que isso é um descumprimento da lei e uma forma de constrangimento e assédio moral”, contou Varggas. “Faço isso porque tive acesso a essa informação. Nós que já acessamos a esses direitos precisamos também reproduzir essa informação e usar essa visibilidade para ajudarmos as outras”, defendeu.
Outro ponto bastante discutido na noite foi a importância de uma abordagem multidisciplinar nas ações de saúde voltadas para esta população. Mulher trans vivendo com HIV há 15 anos, Larrubia falou da interação medicamentosa entre os antirretrovirais e os medicamentos hormonais utilizados por homens e mulheres transexuais e travestis. “Quando eu vejo um grupo de travesti tomando hormônios eu fico pensando em toda essa interação no nosso organismo. O que é bom para uma não é bom para a outra. E a maioria não tem acesso a um atendimento médico completo e se tem, não fala dos hormônios para os profissionais de saúde por medo. Então é sempre um risco”, afirmou.
A Roda de Conversa “Saúde da População Trans” foi mais uma ação positiva realizada com o apoio da MAC AIDS FUND.
Reportagem: Maria Lucia Meira (estagiária)
Edição e supervisão: Angelica Basthi