A ABIA recebeu a equipe de filmagem do documentário “Quando Ousamos Existir”. O filme – dirigido por Cláudio Nascimento, do Grupo Arco Íris (GAI/RJ), e Márcio Caetano, da Universidade Federal do Rio Grande (FURG/RS) – propõe retratar a história do ativismo LGBT. De acordo com Caetano, a ideia de conversar com a ABIA nasceu da necessidade de abordar a militância no contexto da epidemia da AIDS.
Na visita à sede da instituição (foto), a equipe entrevistou Richard Parker diretor-presidente; Veriano Terto Jr., vice-presidente; e Vagner de Almeida, coordenador do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens. Segundo os diretores do documentário, “não há como falar do ativismo LGBT sem falar da AIDS”.
Parker, por exemplo, destacou a conquista da sociedade civil em relação ao acesso universal de medicamentos antirretrovirais no serviço público de saúde. O diretor-presidente da ABIA também relembrou da pressão feita pela sociedade civil no período pós-democratização e de como foram adotadas as políticas públicas para pessoas vivendo com HIV e AIDS na ocasião. Para ele, foram anos de grande atuação do ativismo cultural. “O final dos anos 1980 foram de bater na cara do conservadorismo e dizer ‘não vamos nos silenciar’. E esta reação surgiu por causa da opressão vivida pelas pessoas. Colocamos a sexualidade no debate público”. “Hoje precisamos repolitizar as respostas dos movimentos (LGBT, AIDS e outros) diante das forças, partidos e setores conservadores presentes na política e na sociedade em geral”, afirmou.
Já Almeida destacou a sua experiência pessoal desde a infância para reforçar sobre o forte vínculo com a militância LGBT e o movimento AIDS. “Eu apanhava muito porque também sempre fui muito truculento, muito brigão, garoto de rua mesmo, e minha mãe não queria um troglodita em casa. E aí você começa a pensar em outras coisas. E eu comecei a me engajar no ativismo através de ações da Igreja Católica. Dali a coisa só evoluiu e eu engajei no movimento AIDS quando, em 1983, comecei a perder amigos vítimas da epidemia”, revelou. E Terto Jr. abordou sobre o surgimento do movimento homossexual organizado no início dos anos 1980 e sobre a chegada do HIV/AIDS naquele período.
O documentário “Quando Ousamos Existir” é uma iniciativa do Laboratório Nós do Sul, do Centro de Memória João Antônio Mascarenhas e do Instituto de Educação da FURG. O filme deverá ser lançado no final de 2018.
Texto: Jéssica Marinho e Jean Pierry Leonardo
Edição: Angélica Basthi