O Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direito entre Jovens, coordenado pela ABIA, realizou a roda de conversa “Saúde Mental e Juventudes, vamos conversar?”, na sede da instituição no dia 21/02. Os cerca de 20 participantes trocaram ideias e experiências sobre a saúde mental, juventude e a política. O bate-papo foi mediado por Vagner de Almeida, coordenador do projeto, e pela psicóloga convidada, Penélope Esteves.
O encontro teve como objetivo discutir os aspectos da sociedade que levam os jovens a perderem a estabilidade psíquica. Ao iniciar o debate, Almeida ressaltou que, apesar do título da roda, a saúde mental deve ser discutida em todas as faixas etárias.
Durante a conversa, o conceito de solidariedade do sociólogo Herbert de Souza (o Betinho, fundador da ABIA), foi apresentado como um pilar fundamental para combater o sofrimento. “As pessoas estão muito autocentradas, sem conseguirem olhar para o próximo. Quantos amigos próximos não percebem que o outro precisa de ajuda?”, analisou Almeida.
O debate gerou discussões enriquecedoras sobre mazelas sociais que afetam direta ou indiretamente a saúde mental da população. O racismo, a homofobia, a transfobia e demais estigmas, preconceitos e discriminações presentes na sociedade foram apontados como agentes catalisadores do quadro depressivo.
O desmonte de atendimento à saúde mental no Rio de Janeiro foi outro assunto bastante discutido. O advogado Marclei Guimarães, do Grupo Pela Vidda/Niterói, por exemplo, ressaltou a importância espaços de apoio neste momento e citou as rodas de conversa da ABIA. “Faltam redes de solidariedade para gays, soropositivos, dependentes químicos, entre outros. Espaços abertos como o da ABIA para debatermos sobre a situação de hoje são fundamentais”, comentou.
Sônia Correa, co-coordenadora do Observatório de Políticas Sexuais (SPW, sigla em inglês) destacou o lugar da política no debate sobre a saúde mental. “O discurso de que a população está doente mascara os problemas políticos da sociedade”, afirmou. Já a jornalista Angélica Basthi, coordenadora de comunicação da ABIA, lembrou que a política está presente no discurso da doença. Para ela, o ponto central está em como a população tem sido preparada para lidar com a questão.
Ao final do encontro, Vagner de Almeida ressaltou que deve ser feito um esforço para que não as pessoas não sejam engolidas pela perversidade da sociedade brasileira. “Devemos ser políticos dentro de uma sociedade que está doente para que não fiquemos doentes também”, finalizou.
Reportagem: Naíse Domingues, estagiária sob a supervisão de Angélica Basthi