Reflexões sobre o estigma e o porquê o mesmo deve ser enfrentado marcaram a abertura oficial do 2º Seminário de Capacitação em HIV – Aprimorando III, cujo tema é “Estigma, Pânico Moral e Violência Estrutural”. O evento, organizado pela ABIA, acontece desde quarta-feira (15/05) no Centro Cultural da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), em Porto Alegre.
A tarde de abertura contou com a exibição do premiado documentário “Borboletas da Vida”, de Vagner de Almeida, sobre a realidade dos jovens homossexuais que vivem na periferia das grandes cidades. À noite, o vice-presidente da ABIA, Veriano Terto Jr. fez a abertura do encontro e o debate seguiu sob a mediação de Fernando Seffner, membro do Conselho Curador da instituição. Em homenagem a José Eduardo Martins – falecido recentemente – outro membro do Conselho da ABIA, Carlos Duarte, leu uma nota de pesar produzida pelo Grupo Apoio a Prevenção da AIDS no Rio Grande do Sul (GAPA/RS), que foi fundado por Martins e outros ativistas.
No debate, as expositoras Simone Monteiro e Wilza Villela, respectivamente, professoras da ENSP/ Fiocruz e da Pós-graduação em Saúde Coletiva da UNIFESP, abordaram sobre as barreiras criadas pelo estigma na resposta da epidemia do HIV e da AIDS.
Monteiro apresentou o significado do conceito estigma, mostrou como a pessoa que que vive com HIV é afetada por esta marca e a razão pela qual a ênfase na testagem e no tratamento em detrimento das ações de enfrentamento ao estigma afetam negativamente a resposta à AIDS. “O que tem sido feito para enfrentar o estigma da AIDS hoje em dia? No passado, isso foi enfrentado falando sobre o assunto. O silêncio alimenta a ideia de que é ruim e por isso não pode ser falado. As pessoas não revelam o seu diagnóstico por medo do estigma, comprometem a adesão ao tratamento e, quando retornam, estão doentes”, pontuou a pesquisadora.
Já Vilella alertou sobre o aspecto sutil dos processos de estigmatização que, segundo ela, vem sempre associado a outros marcadores sociais. “Não é simples pensar o estigma que gruda no racismo, nas desigualdades de gênero, na homofobia”, afirmou. A pesquisadora também chamou a atenção para a ausência dos homens heteros que surgem nas estatísticas sobre a epidemia da AIDS, mas não participam dos debates e nem frequentam a assistência pública de saúde. “Onde estão estes homens heteros? Não estão em lugar nenhum, são invisíveis e também não é estigmatizado. Precisamos pensar a epidemia da AIDS a partir do mundo real e das relações interpessoais”, afirmou.
O 2º Seminário de Capacitação em HIV – Aprimorando III, cujo tema é “Estigma, Pânico Moral e Violência Estrutural” termina nesta sexta-feira (17/05).
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