A cidade de Lages, em Santa Catarina, realizou o “Seminário Regional de Atualização em Prevenção Combinada para o Fortalecimento das Ações Preventivas em IST, HIV, AIDS e Hepatites Virais”. O encontro foi organizado pela Associação Catarinense de Apoio Social e Educacional à Família (ACASEF) e contou com a presença de representantes dos demais estados da região ( Rio Grande do Sul e Paraná) e também do Ministério da Saúde e dos Fóruns de ONG/AIDS interestaduais.
A ABIA foi protagonista em três momentos ao longo do evento: na mesa que abordou sobre os “Caminhos da Prevenção: Avanços, Incorporações de novas tecnologias, Prevenção combinada e Tratamento como prevenção”; na mesa sobre os “Adolescentes e Jovens: vulnerabilidades, adesão ao tratamento a terapia antirretroviral” e no lançamento do “Guia do Sexo Mais Seguro – um guia sobre sexo, prazer e saúde no Século 21”, organizado pela ABIA. O Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre os Jovens e o vice presidente da ABIA, Veriano Terto Jr., representaram a instituição no evento.
Terto Jr. participou da mesa sobre os “Caminhos da Prevenção: avanços, Incorporações de novas tecnologias, prevenção combinada e tratamento como prevenção”e chamou atenção para os obstáculos causados pelo estigma, preconceito e discriminação desde os anos 1980, quando a camisinha começou a se popularizar.
“Numa época em que tanta gente morria de AIDS, ouvíamos dizer que o preservativo iria incentivar a putaria, a promiscuidade, o sexo e o desejo. Quando na realidade isso nos dava a autonomia de fazermos um sexo seguro com quem quiséssemos, quando e onde quiséssemos”, lembrou Terto Jr. A luta, segundo ele, era para implementar os antirretrovirais como direito de todos e na saúde pública, “porque eles (governo) não queriam os medicamentos liberados para todos porque – cheio de preconceitos – não queriam travestis, usuários de drogas e profissionais do sexo tivessem acesso ao medicamento”, criticou.
Sexo seguro
Já a mesa sobre “Adolescentes e Jovens: vulnerabilidades, adesão ao tratamento a terapia antirretroviral” contou com a participação de Vagner de Almeida, coordenador do Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens que abordou sobre o sexo seguro, a sexualidade e a erotização. Almeida ressaltou o trabalho de vanguarda e ponta da ABIA nas questões do HIV/AIDS, gênero e sexualidade. “Ao longo deste evento, vi muita gente trazer números e gráficos, mas não vi ninguém falar sobre o sexo e a sexualidade como todos nós conhecemos. Nós precisamos trazer a antropologia da coisa, aplicar a linguagem popular e erotizar nossas ações”, afirmou Almeida.
Um dos carros-chefes de sua apresentação foi o Guia de Sexo Mais Seguro que está disponível online e é direcionado para pessoas que vivem ou não com HIV/AIDS. Além de informações valiosas sobre como se prevenir do vírus HIV, a publicação oferece informações sobre a prevenção de outras infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), como a sífilis, herpes genital, gonorreia, clamídia, hepatites virais, entre outras.
Segundo Almeida, foram distribuídos 100 exemplares impressos do Guia. Para ele, é fundamental promover o retorno à origem da epidemia e suas subjetividades. “Realizamos recentemente na ABIA um grupo focal com mulheres trans e eu vi a importância de ouvi-las, conhecer sua realidade, saber sobre o que eles gostam e também as vulnerabilidades. Não tenho mais visto isso em outros espaços do movimento social. Precisamos nos sensibilizar e nos mobilizar em prol de todos e todas”, pontuou.
Para Terto Jr., é hora de retomar o tema da sexualidade. “Temos que jogar a sexualidade e o sexo novamente na discussão com a comunidade e abrir mais canais de fala para avançarmos no direito à informação e prevenção”, concluiu.
O “Seminário Regional de Atualização em Prevenção Combinada para o Fortalecimento das Ações Preventivas em IST, HIV, AIDS e Hepatites Virais” contou ainda com as participações do Alex Amaral (ACASEF/SC), Eduardo Barbosa (do Grupo Pela Vidda/SP), Filipi Barros (Ministério da Saúde), Ana Lúcia Baggio (IST/HIV/AIDS do RS), entre outros.
Fonte: Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens