Com um tema delicado e polêmico, a roda de conversa “Quando? Com quem? Falamos que somos SOROPOSITIVOS?”, realizada na última segunda feira (24), na sede da ABIA, foi conduzida com leveza e descontração.
As cerca de 30 pessoas presentes, entre soropositivos e soronegativos, ouviram e revelaram histórias, além de dialogar sem a tensão que costuma marcar debates com esta abordagem. Para os participantes, revelar a a soropositividade é uma tomada de decisão individual e faz parte de um processo permanente.
O evento, organizado pelo Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, da ABIA, teve a proposta de deixar os convidados à vontade em expor os próprios dilemas. O desempregado José Luiz Santos da Silva, por exemplo, contou que a maior dúvida era se deveria revelar à companheira o resultado da sorologia positiva.
Silva seguiu o conselho de uma amiga e manteve em sigilo por um tempo. “Mas quando decidi contar, minha companheira disse que me apoiaria, mas a relação se desestruturou e chegou ao fim após vinte dias da revelação do diagnóstico”, afirmou. Hoje, com uma nova companheira – que sabe da sua sorologia e é sorodiscordante – outros desafios fazem parte da rotina. “Ela me apoia totalmente, mas a família dela, que também sabe da minha sorologia, não me quer por perto”, desabafou.
Já a jovem M. J. C., que prefere não ser identificada, disse que ficou surpresa com o apoio que recebeu dos pais quando foi diagnosticada. Apesar da demonstração de amor e carinho, os pais a proibiram de revelar aos outros membros da família. “Creio que entendo este “segredo” pelo temor que os meus pais sentem de como será a reação de outros familiares. Minha mãe entra em pânico só de pensar que a sua filha pode ser julgada e discriminada injustamente”, afirmou M. J. C.
Na roda de conversa “Quando? Com quem? Falamos que somos SOROPOSITIVOS?” também surgiu o debate se há ou não necessidade de revelar o diagnóstico. Para os participantes, não existe um momento ideal e também não deve existir uma obrigatoriedade do diagnóstico ser revelado, já que a escolha é individual. “Além disso, é importante pensar o que vem após a revelação, quais serão os próximos passos e como será a cada vez que tomar a decisão de revelar a sorologia”, lembrou Silva.
Para Vagner de Almeida, coordenador do projeto, “é fundamental que se fomente a discussão sobre a soropositividade, para que haja um intercâmbio de informações corretas sobre o assunto e que esta multiplicidade alcance cada vez mais pessoas”, concluiu. A roda de conversa “Quando? Com quem? Falamos que somos SOROPOSITIVOS?” foi mais uma ação positiva do Projeto Diversidade Sexual Saúde e Direitos entre Jovens, da ABIA.