A prevenção voltou a ser o foco do debate na tarde desta terça-feira (28/11) no “Seminário Dimensões Sociais e Políticas da Prevenção”, no Rio de Janeiro. As mesas “Na Era da Prevenção Combinada” e “Avaliando as Possibilidades e Limites das Novas Estratégias” reuniram especialistas da área de gestão, projetos e produção acadêmica.
O primeiro palestrante da tarde, Jorge Beloqui, que representou o Grupo de Incentivo à Vida (GIV/SP), apresentou dados sobre a eficácia de usar o tratamento como prevenção e dos benefícios da prática para a saúde pública.
A representante do Ministério da Saúde, Paula Adamy, fez uma breve retrospectiva da resposta brasileira à epidemia de HIV/AIDS. Adamy também chamou atenção para a atual epidemia de sífilis e a invisibilidade da população trans nos dados apresentados. “Precisamos pensar em ações mais direcionadas para sífilis, pois vivemos uma epidemia”.
Ainda sobre a mesa “Na Era da Prevenção Combinada”, Maria Cristina Pimenta, do Ministério da Saúde e Universidade Veiga de Almeida (UVA), falou sobre o Projeto para a Implementação da Profilaxia Pré-Exposição ao HIV (ImPrEP), cujos estudos estão sendo realizados no Brasil, Peru e México. A debatedora da mesa, Wilza Vilella, do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGS/UNIFESP) propôs algumas questões para reflexão tais como: “como trazer a prevenção no campo da AIDS em tempos de retirada de direitos?”, provocou.
Novas estratégias
A segunda mesa no período da tarde, “Avaliando as Possibilidades e Limites das Novas Estratégias”, reuniu representantes de entidades que realizam testagem e gerenciamento de riscos ou estudos referente às ações.
A experiência dos 27 Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA), do Programa Estadual de IST, AIDS da Prefeitura de São Paulo, foi apresentada pela pesquisadora Karina Wolffenbüttel, que mostrou a evolução das unidades do CTA. Cada local realiza exames gratuitos com suporte psicológico caso o resultado seja positivo. “Fazemos um diálogo prévio e o gerenciamento de risco”, comentou.
Já a pesquisadora da Fiocruz, Simone Monteiro, apresentou um estudo que avaliou o modelo de testagem móvel em três municípios do Estado do Rio de Janeiro; Belfort Roxo, Duque de Caxias e São João do Meriti, que criticou o predomínio da lógica biomédica nas intervenções, dificuldades de acesso ao diagnóstico e uso da testagem como estímulo ao sexo seguro.
Outro convidado, o coordenador de Prevenção da AIDS Healthcare Foundation (AHF), Beto de Jesus, considerou que as ações precisam levar em conta as diversas características das pessoas. A AHF é está presente em 39 países é considerada maior ONG global da luta conta a AIDS atendendo mais de 800 mil pacientes.
Chamando a atenção para quem e como será dado acesso às novas estratégias de prevenção e o que há de novo realmente, a professora adjunta do Instituto de Medicina Social (IMS/UERJ), Claudia Mora, disse que é preciso ficar vigilante para qual tipo de público a resposta da AIDS está sendo dada, em vez de chegar a toda a população. “A ciência nâo é neutra”, comentou.
O “Seminário Dimensões Sociais e Políticas da Prevenção” termina nesta quarta-feira (29/11) e faz parte da agenda da ABIA para o Dia Mundial de Luta contra a AIDS.
Reportagem: Naíse Domingues (estagiária sob a supervisão de Angélica Basthi) e Yusseff Abrahim
Edição final: Angelica Basthi