O diretor-presidente da ABIA, Richard Parker, ministrou duas aulas com análises críticas fundamentais para a compreensão do atual cenário de biomedicalização e da influência da epidemia de AIDS na construção da agenda dos direitos humanos.
A primeira aula foi realizada para cerca de 20 alunos/as, cujo tema foi “Biomedicalização da resposta à AIDS no século XXI: da saúde global à experiência social”, e aconteceu na Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP/Fiocruz).
“Propus uma análise sobre como a biomedicalização dos últimos anos tem retirado o foco das questões estruturais. E, ao mesmo tempo que nos oferecem ganhos, as novas tecnologias biomédicas são responsáveis por alguns dos retrocessos do ponto de vista das políticas públicas”, avaliou Parker. O curso foi coordenado por Simone Monteiro, chefe do Laboratório de Educação em Ambiente e Saúde da Fiocruz e conselheira da ABIA. E contou ainda com uma aula de outro membro do Conselho da ABIA, Kenneth Camargo, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
De acordo com Monteiro, o principal impacto deste curso será na formação acadêmica. “Nossa expectativa é a de que haja uma formação mais crítica e reflexiva da produção acadêmica. Houve também referencias pontuais ao impacto na prática profissional no âmbito do serviço público de saúde e na prática docente nas universidades”, afirmou.
Já a segunda aula de Parker foi sobre o tema “Saúde global e diretos humanos”. A aula foi inaugural do ano letivo 2018 do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (IESC-UFRJ). Parker abordou sobre a importância fundamental da epidemia de AIDS na construção da agenda dos direitos humanos na saúde global. “Tanto a luta contra o estigma e a discriminação como a luta a favor do acesso ao tratamento tem sido com base nos direitos humanos. E isto tem também sido uma das mobilizações mais fortes dos direitos humanos no campo da saúde global como um todo”, afirmou.