A pedagogia da prevenção é o caminho para garantir a prevenção como um direito. A premissa é o centro do debate do “Seminário Dimensões Sociais e Políticas da Prevenção” que começou nesta terça-feira (28/11). A mesa de abertura foi composta por Richard Parker, diretor-presidente da ABIA, Veriano Terto Jr., vice-presidente, Kátia Edmundo (CEDAPS) e Fernando Seffner (UFRGS). Um dos propósitos do encontro é retomar o diálogo intersetorial muito presente os primeiros anos do enfrentamento à epidemia. “É preciso ressignificar a importância de juntar acadêmicos, gestores, especialistas e população afetada para discutir HIV, sexualidade, cidadania e solidariedade foi esquecida nos últimos anos.”, sintetizou o diretor-presidente da ABIA.
Parker lembrou que desde o início da epidemia, o estigma, o preconceito e a discriminação tem sido barreiras na resposta brasileira. Para ele, o crescimento da extrema direita no país torna o trabalho da prevenção ainda mais desafiador. “Sem a pedagogia da prevenção, não temos chances de sucesso. Se com ela já é difícil, imagine sem”, afirmou.
Confira aqui o depoimento de Richard Parker
Já Fernando Seffnner destacou na mesa de abertura que, neste cenário de incertezas, é preciso ficar alerta para o “desperdício de experiências” e valorizar o aprendizado sobre o que já foi vivido. O foco da sua palestra foi a pedagogias e políticas no campo da AIDS. “Precisamos pensar a educação a partir de experiências, pois vivemos tempos de constrangimento das experiências vividas. Não há mais como viver a condição juvenil sem se ter uma relação com a escola”, ressaltou. Para ele, é fundamental abordar a prevenção no contexto da juventude e de suas culturas. “Muitos lugares falam sobre sexo, gênero e sexualidade, mas há dificuldade de inserir a prevenção nesse meio, mesmo sendo assuntos que estão profundamente interligados”, analisou.
À Kátia Edmundo coube a tarefa de trazer a perspectiva da prevenção popular e a reflexão sobre como devolver o controle da prevenção para as comunidades. Para ela, a mobilização de territórios populares é um modo de fortalecer a luta pela garantia de direitos, como o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além da construção de respostas que respeitam os direitos humanos e igualdade de gênero. ” Onde a nossa aliança deve chegar junto à prevenção popular para estabelecermos um ambiente acessível para todos? A prevenção só será enxergada por essas populações como um direito quando a ‘população alvo’ se tornar ‘população participante’, apontou.
O Seminário Dimensões Sociais e Políticas da Prevenção termina nesta quarta-feira (29\11). O encontro antecipa as ações da ABIA para o Dia Mundial de Luta Contra a AIDS (01/12) e integra a Agenda Dezembro Vermelho.
Reportagem: Naíse Domingues (estagiária sob a supervisão de Angélica Basthi)
Colaboraram: Jessica Marinho e Jean Pierry Leonardo
Edição final: Angélica Basthi