O Observatório de Sexualidade e Política (SPW, sigla em inglês) – secretariado pela ABIA – participou de diversos eventos internacionais sobre os avanços e resistências às políticas antigênero no Sul Global. As agendas reverberaram as pesquisas sobre as Políticas Antigênero na América Latina, que reúnem 9 estudos de casos nacionais, além de uma genealogia de tais políticas e uma análise de como elas têm se dado na Organização dos Estados Americanos (OEA). O SPW foi representado pela co-coordenadora, Sonia Corrêa;
Nos eventos “Confronting the Global Anti-Gender Right: Feminist, Anti-Racist, Queer Resilience and Resistance in the Americas” e “Reproductive Righteousness and the Alt-Right State: A Feminist Symposium”, por exemplo, Sonia enfatizou que, embora os discursos antigênero, tenham ganhado fôlego nos últimos anos, as suas origens são mais antigas. Essas incursões antigênero e antiaborto são também complexas e assumem uma variedade de formas e alvos, tornando difícil delimitar todos seus agentes, formas de atuação, dentre outras. Na América Latina, quatro tendências são indissociáveis das cruzadas antigênero que assolam a região: a redemocratização e seus efeitos, a repolitização do campo religioso, o neoliberalismo e a violência estrutural.
O novo ciclo de pesquisas do SPW sobre as políticas antigênero já começou a explorar contrastes e convergências entre o Brasil e outros países. O Uruguai, por exemplo, compartilha com o Brasil a presença de atores militares diretamente envolvidos nas forças antigênero. É o único país da mostra, fora o Brasil, onde esses agentes têm papel relevante. No entanto, os efeitos da ideologia e política antigênero ainda são menos pronunciados no Uruguai.