O Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens, da ABIA, inicia 2017 propondo um debate polêmico, invisível e caro para a sociedade brasileira: o suicídio entre jovens. A Roda de Conversa acontece nesta segunda-feira (20/02), a partir das 18h30, na sede da ABIA, no Dia Mundial da Justiça Social.
O tema será investigado como um fenômeno social que, ao ser materializado por meio de uma ação individual, denuncia falhas no sistema que rege a sociedade. O ponto de partida para o debate será o desgaste emocional que jovens com HIV, gays, heteros, negros e/ou de periferia enfrentam ao serem marginalizados.
A conversa será informal e aberta, mas terá o acompanhamento de especialistas. O objetivo é permitir que o profissional – que não está o tempo todo presente na vida do indivíduo com depressão – ouça a experiência e oriente este cidadão ou quem é próximo de pessoas que sofrem ou sofreram com a falta de vontade de viver. “Há muito tempo, trabalho com jovens e percebo esse desgaste emocional que o jovem tem sofrido, principalmente quando se descobre HIV positivo, gay, também por ser estigmatizado por ser de periferia. Há um entorno em volta desse jovem que leva esse cidadão a perder a vontade de viver”, afirma Vagner de Almeida, coordenador do projeto e que atua no campo do HIV e AIDS desde 1983.
De acordo com relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) de 2014, o Brasil é o 12º na lista de países latino-americanos com mais mortes provocadas por suicídios entre jovens na faixa dos 15 a 29 anos. O índice no país é de 6,9 casos para cada 100 mil habitantes. A taxa é considerada relativamente baixa, se comparada aos países que lideram o ranking: Índia, Zimbábue e Cazaquistão, por exemplo, têm mais de 30 casos para 100 mil habitantes.
O tema, contudo, é polêmico e complexo. Para Almeida, é preciso ter atenção especial ao contexto social que afeta o indivíduo. “É necessário analisar os contextos que envolvem a perda de qualidade de vida do brasileiro, por exemplo. Já há pesquisas neste sentido, mas é rara a que inclui a perspectiva do jovem. O suicídio é algo muito perverso e silenciado. Quando alguém diz que está com medo de se matar e ninguém dá atenção, há o risco da pessoa acreditar que realmente deve fazer isso. Muitas vezes você escuta pessoas anunciarem que vão se matar. Muitas delas já fizeram tentativas frustradas e outras realmente chegaram a óbito. A sociedade precisa debater este tema com seriedade e responsabilidade”, conclui.