O Programa das Nações Unidas para o HIV/AIDS (UNAIDS) fez um alerta: 40% das novas infecções por HIV, em 2018, na América Latina – incluindo o Brasil – ocorreram entre gays e outros homens que fazem sexo com homens. De acordo com o organismo internacional, os mais vulneráveis ao HIV são os mais afetados pela maioria das novas infecções na região.
Segundo o UNAIDS, clientes de trabalhadores sexuais representam 15% dos novos casos, seguidos das mulheres transgêneros (4%), trabalhadores sexuais (3%) e usuários de drogas injetáveis (3%). O restante da população é responsável por 35% das infecções.
No total, houve um crescimento de 7% no número de novas infecções na América Latina entre 2010 e 2018. Somente no ano passado foram 100 mil novos casos de pessoas infectadas pelo HIV na região.
Os maiores aumentos de novas infecções ocorreram no Chile (34%), Bolívia (22%), Brasil (21%) e também Costa Rica (21%). A região também registrou declínios impressionantes em El Salvador (–48%), Nicarágua (–29%) e Colômbia (–22%).
Sobre o Brasil, o diretor-presidente da ABIA, Richard Parker, diz que os números refletem o retrocesso a que o país tem se submetido nos últimos anos. “Desde o começo dos anos 2010, temos visto repetidos retrocessos na resposta brasileira à AIDS, como os repetidos casos de censura de campanhas de prevenção. A crise no financiamento das ONGs/AIDS, seja de fontes internacionais ou nacionais, é outro exemplo, assim como a re-biomedicalizacão dos programas governamentais. E mais recentemente, com o novo governo federal, o crescente desmonte da política de AIDS, que ameaça ainda mais a resposta brasileira à epidemia, outrora exemplo para o mundo”, frisou.
Para Parker, a prevenção e o tratamento – dois pilares na resposta à epidemia – não são prioridades para o atual governo. “A prevenção e o tratamento do HIV parecem ser cada vez menos uma prioridade do governo em todos os aspectos imagináveis”, disse.
A ABIA e outras organizações da sociedade civil manifestaram em nota o seu posicionamento em relação aos retrocessos com o fim do Programa Brasileiro de AIDS. “Mais do que um programa, esse decreto acaba com uma experiência democrática de governança de uma epidemia baseada na participação social e na intersetorialidade”, afirmou o documento.
Fonte: UNAIDS