Nascida em 1961 no interior do Ceará com o nome de Jaime Cesar Dutra Sampaio, a travesti Janaína Dutra foi uma das mais brilhantes ativistas em defesa da população travesti e transexual do país – até a sua morte, em 2004. Filha mais querida de uma família de 10 irmãos – palavras da própria mãe D. Dargenira – Janaína deixou um legado inestimável e atual. Em vida, reuniu coragem incomum para enfrentar todos os tipos de preconceito que ainda hoje afetam o acesso aos direitos da população trans.
A trajetória desta mulher cearense – que não se incomodava em ser chamada de Jaime entre os mais íntimos– foi contada no documentário “Janaína Dutra – uma Dama de Ferro” (2009), dirigido por Vagner de Almeida e reexibido na ABIA na noite desta terça-feira (28/01) em comemoração ao Dia Nacional da Visibilidade Trans, celebrado em 29 de janeiro. Após a exibição, a atividade – organizada pelo Projeto Diversidade Sexual, Saúde e Direitos entre Jovens – foi seguida de debate, coordenado por Vagner de Almeida.
Apesar de ter sido a primeira mulher travesti a ter uma carteira da Ordem dos Advogados com o nome social, para Janaína, a dignidade não estava apenas no nome, mas numa vida de cidadania plena e integral. “Para ela, o importante é que o cidadão travesti – como ela própria reivindicava ser chamada – não fosse violentado na sociedade. Janaína lutou pela dignidade plena da travesti”, explicou Vagner de Almeida, que também foi amigo pessoal da ativista.
Formada em direito, Janaína atuou para a promulgação da lei municipal 8211/1998 (Fortaleza – Ceará) que proíbe estabelecimentos comerciais, industriais e empresas prestadoras de serviços de discriminarem pessoas em virtude de sua orientação sexual. Também foi inspiração para diversas outras ações em defesa da população travesti e transexual, além de ter participado em diversas ações de prevenção e luta por assistência e tratamento para as travestis que viviam com HIV/AIDS.
O filme “Janaína Dutra, uma Dama de Ferro” retrata como a militância desta ativista foi extraordinária e marcante para a luta das travestis e transexuais em todo o país.
Por Angélica Basthi