Começou nesta quarta-feira (05/08) o 8° Encontro Estadual de ONG AIDS Rio de Janeiro (EEONG) no Centro (RJ). O evento, organizado pelo Fórum de ONGS AIDS do Estado, reúne até amanhã (07/08) cerca de 90 participantes e 41 delegados das organizações que compõem o Fórum, além de redes e ativistas na luta contra a AIDS e principais coinfecções no Rio de Janeiro.
Com o tema “AIDS 2015: Testar, Tratar e Aí?”, um dos objetivos do encontro é elaborar coletivamente propostas que reflitam os principais problemas no estado. Além de se transformar em instrumentos para pressão política local, as demandas deverão ser encaminhadas para o Encontro Regional de ONGS AIDS do Sudeste (ERONG) que acontecerá em Belo Horizonte (MG).
Após a cerimônia de abertura, Richard Parker, diretor presidente da ABIA, fez uma exposição do tema “Reflexões sobre a resposta brasileira à epidemia de AIDS” (Leia aqui). Em seguida, deu-se início ao primeiro painel sobre “Análise da conjuntura de assistência de AIDS e dos esforços e desafios para uma assistência de qualidade”. A mesa, mediada por Veriano Terto Jr., assessor de projetos da ABIA, contou com a participação de Daniela Batista, do Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais, Ministério da Saúde; Denise Pires, da Gerência Estadual de DST e AIDS; Vinícius Menezes, assessor técnico da Gerência Municipal de DST e AIDS; Ana Paula Rangel, do Programa Municipal de AIDS, em Cabo Frio, e Giane Côrrea, do Programa Municipal de DST/AIDS, Duque de Caxias. Na avaliação de Veriano Terto Jr., a mesa apontou para alguns desafios fundamentais hoje no estado, dentre eles, a iniquidade de acesso e oferta do tratamento, além de uma assistência ineficiente.
Já o segundo painel “As novas tecnologias de prevenção e mobilização de redes e populações-chave”, mediado por Roberto Pereira, contou com a participação de Almir França, presidente do Grupo Arco-Iris; Indianara Siqueira, presidenta do Grupo TransRevolução; Sônia Regina, da Rede de Comunidades Saudáveis; Reinaldo Ribeiro, da Rede de Jovem Rio + (antiga Rede Estadual de Jovens Vivendo e Convivendo com HIV), dentre outros. A mesa abordou, entre outros temas, sobre qual a tecnologia que deve ser desenvolvida para a prevenção do jovem que busca o prazer. Outro assunto discutido foi o problema no acesso à PrEP e à PEP no estado.
O terceiro painel “Testar e tratar – rede de assistência e tratamento do Rio de Janeiro”, mediado por Regina Bueno, e que contou com a participação de Cazú Barroz, da Secretaria Executiva do Fórum, da médica Márcia Rachid e de Vinícius Menezes, assessor técnico da Gerência Municipal de DST e AIDS, dentre outros, buscou refletir sobre os dilemas atuais na rede e no SUS. Um dos pontos altos do debate foi o reconhecimento da importância do acolhimento durante o tratamento. “Ser bem acolhido é fundamental para que o paciente faça a adesão ao tratamento e da terapia sem falhas”, analisou a médica Márcia Rachid.
Buscando soluções
Para a representante do grupo Cidadãs Positivas, Jaciara Gomes, não é a primeira vez que os temas são discutidos. De acordo com ela, “não haverá uma mudança enquanto não houver mais união entre os movimentos sociais e o governo contemplar estes grupos em suas ações”, afirmou. Para a ativista, falta maior circulação de informações no estado. “Precisamos de mais intervenções, especialmente em áreas em que se há pouco conhecimento sobre o HIV, pois nesses lugares, a informação que circula ainda é pautada por crenças e mitos”.
Segundo Thiago Xisto, da Rede de Jovem Rio +, a forma como a informação sobre novas tecnologias é levada para o público precisa ser rediscutida, pois o entendimento errado ou a transmissão incompleta de informações geram o abandono do tratamento. Já Reinaldo Ribeiro, outro membro da Rede de Jovem Rio+, considerou a educação como pilar fundamental no enfrentamento à epidemia, principalmente no combate ao conservadorismo, à falta de solidariedade, ao preconceito, ao estigma e à discriminação. “Sinto falta da participação de representações do setor educação nestes encontros”, afirmou.
Outra ativista que apontou a necessidade de ampliar os convidados à mesa de um dos painéis foi Gloria Victorino, do Centro de Atividade e Prevenção do Quitungo, em Braz de Pina. Para ela, faltou dar voz aos moradores das comunidades e também os membros dos Conselhos Tutelares.
De acordo com Marcio Villard, do Grupo Pela Vidda, “o encontro refletiu o peso da importância e seriedade de se discutir a AIDS no Rio de Janeiro”. Segundo ele, a intensidade do momento foi em razão das expectativas para compartilhar as experiências que estão sendo vivenciadas na base. Já para Veriano Terto Jr, da ABIA, “o EEONG é o momento para recuperar espaços de diálogos locais, caminhos e possibilidade de recriar laços e espaços de solidariedade por onde podemos buscar soluções e saná-las”, conclui.